Peça elaborada pela Associação Juntos SOS Espírito Santo Ambiental pede que mineradora cesse exploração dos poços artesianos para descontaminação da água.

Uma ação civil pública protocolada, no último dia 20, na Justiça Federal do Espírito Santo pretende impedir a exploração de água subterrânea pela mineradora Vale até que a companhia elimine completamente a contaminação dos poços artesianos que possui. No estado, a mineradora conta com oito usinas de pelotização, que produzem juntas 36 milhões de toneladas por ano, além do Porto de Tubarão, responsável por embarcar mais de 1.200 anualmente.

A Associação Juntos SOS Espírito Santo Ambiental, responsável pela peça, endossa a ação com base em uma perícia judicial realizada em 2015, em outra ação movida contra a mineradora, quando foi constatada a presença de inúmeras substâncias nocivas à saúde, tais como como o benzeno, 1,1-dicloroeteno, tricloroeteno, tetacloroeteno e fenóide, além da presença de microbiológicos nos poços até então perfurados na área da planta industrial.

Conforme o laudo, “foi verificada a necessidade de intervenção nas áreas da CVRD-Ré, com relação ao solo e água subterrânea”. Dessa forma, recomenda os técnicos, que “todos os poços sejam regularmente amostrados e monitorados em relação ao histórico de contaminação”, que “haja descontaminação das áreas com parâmetros acima dos definidos pela legislação” e que haja ainda, “verificação do risco à saúde humana”.

A ação atual destaca que o uso indiscriminado das águas subterrâneas coloca em risco a manutenção dos recursos da reserva Grande Vitória, uma vez que a região tem histórico de crise hídrica, o que foi agravado pelo aumento no número de poços e do consumo da mineradora. “Essa situação é agravada em virtude da possibilidade de toda a água dos aquíferos da Grande Vitória, que é reserva social, poder acabar, já que a Vale, que tinha sete poços em 2007, passou a 87 em 2015 e estão cada vez mais profundos: já estão a 200 metros² e totalmente contaminados”, diz o texto.

A ONG defende ainda o pagamento de indenização pela mineradora por dano moral à coletividade: “No caso em espécie, o requerido, além de violar direitos humanos, infringiu o direito fundamental constitucional da comunidade de Vitória, o que inclui todos aqueles usuários do aquífero, em usufruir de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem como de uma sadia qualidade de vida. A poluição do aquífero e o seu uso abusivo implicam em danos morais à sociedade”.

A assessoria de imprensa da companhia, informou que “a Vale ainda não foi notificada a respeito”.

A ação segue em tramitação na 5ª Vara da Fazenda Pública Estadual, Municipal, Registros Públicos, Meio Ambiente e Saúde.