Crescimento da economia é reduzido em 2,18% devido à greve

Caminhoneiros durante a paralisação na BR-101, Niterói-Manilha, na altura de Itaboraí, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil.

Paralisação durou dez dias e impactou em diversos setores econômicos do país.

As expectativas para o crescimento da economia brasileira foram reduzidas em 2,18% devido aos impactos causados pela greve dos caminhoneiros. A paralisação ocorreu entre os dias 21 e 30 de maio e também provocou a elevação da inflação.

Os dados são da pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira (4). O relatório mostra uma projeção mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) que caiu de 2,37% para 2,18%. Para o próximo ano permanece a estimativa de crescimento de 3%.

A greve dos caminhoneiros durou 10 dias e provocou desabastecimento generalizado, além de ter afetado diversos setores da economia. Algumas empresas tiveram que interromper a produção.

De acordo com informações da agência de notícias Reuters, a paralisação provocou escassez de alimentos e outros insumos. Com isso, as contas para a alta do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) neste ano subiram pela terceira semana seguida, chegando a 3,65%, sendo 0,05% a mais do que no levantamento anterior. Para 2019, o reajuste foi de 0,01% a mais, para 4,01%.

Segundo a pesquisa, as estimativas do dólar subiram e são de R$ 3,50 tanto para este ano quanto para o próximo, contra R$ 3,48 e R$ 3,47, respectivamente, na semana anterior.
Para a taxa básica de juros, não houve mudanças nas expectativas de que terminará o ano a 6,5%, indo a 8% no final de 2019.

Exportações e Importações

As exportações e importações também foram afetadas pela greve dos caminhoneiros. De acordo com informações da Agência Brasil, a média diária de produtos vendidos nas três semanas de maio ficou acima de US$ 1 bilhão e, na última semana do mês, caiu para US$ 642 milhões.

O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) informou, na última sexta-feira (1º), que a queda no ritmo das exportações foi de 36% no período. No entanto, considerando todo o mês de maio, o saldo da balança comercial foi positivo em US$ 6 bilhões.

No caso dos bens manufaturados, como aviões e automóveis, a queda nas exportações foi de 46%, seguida pela venda de bens semi-manufaturados, como celulose, ferro e aço, em que o recuo foi de 37%. A queda dos produtos básicos, como soja, minério de ferro e petróleo cru, foi de 31%.

“Produtos como petróleo, embarcado diretamente no mar, e minério de ferro, que usa o modal ferroviário, foram menos afetados. Boa parte do escoamento da soja foi garantido por estoques existentes nos portos”, explicou o diretor de estatísticas e apoio às exportações da Secretaria de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão.

Ele ressaltou que os efeitos de redução do fluxo de comércio durante a paralisação dos transportadores ainda poderão ser sentidos, já que muitas empresas interromperam a produção no período.

As importações também foram afetadas em 26%. Saíram de uma média de US$ 703 milhões, nas três primeiras semanas, para US$ 516 milhões, nas duas últimas semanas.

Herlon afirmou que, apesar da acentuada incidência da greve sobre o fluxo de comércio em maio, o governo não deve alterar a previsão atual de saldo na balança comercial do ano, que é de cerca de R$ 50 bilhões. “Essas duas semanas não são suficientes para comprometer o resultado esperado do ano, com crescimento nos dois fluxos”, pontuou.

*Sob supervisão de Sara Lira