Acordo deve durar até 2018 como forma de manter os preços altos; países temem superprodução norte-americana.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e parceiros que não pertencem ao grupo, liderados pela Rússia, concordaram em manter cortes na produção de petróleo até 2018. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (30), em reunião realizada em Viena, na Áustria.
O objetivo é reduzir o excesso global de petróleo. O acordo deve ser mantido por um ano, mas os países participantes afirmam que podem romper com ele caso o mercado superaqueça, para evitar o ápice de uma crise. A próxima reunião da Opep será realizada em junho de 2018 e é possível que esse acordo seja revisado.
O atual contrato entre os países define uma redução da oferta em cerca de 1,8 milhão de barris por dia (bpd), e expira em março do ano que vem. Esse pacto contribuiu para a queda das reservas mundiais e a recuperação recente dos preços. Os futuros do petróleo Brent subiram cerca de 0,5% nesta quinta-feira, operando acima dos US$ 63 dólares.
Segundo informações da agência de notícias Reuters, a Opep limitou ainda a produção da Nigéria e da Líbia nos níveis de 2017 abaixo de 2,8 milhões de barris ao dia. Os dois países foram anteriormente isentos de cortes devido a disputas locais e produção abaixo da média global.
A Rússia, um dos países não-membros da Opep reduziu a produção de forma significativa pela primeira vez em 2017, e tem incentivado outros governos a saírem de políticas de cortes para que o mercado não mude para um déficit muito cedo, os preços não subam tão rápido e empresas dos EUA não aumentem a produção ainda mais, uma vez que o país americano também não faz parte da organização.
O ministro de Petróleo do Irã, Bijan Zanganeh, disse à Reuters que a Opep havia concordado em estender os cortes em nove meses até o fim de 2018, como foi amplamente antecipado pelo mercado. Zanganeh disse que tal discussão não havia ocorrido na reunião da Opep. No entanto, um rascunho do comunicado da Opep disse que a duração seria revisada em junho com base em fundamentos.
Viés americano
Com os preços do petróleo Brent sendo negociados acima dos US$ 60 dólares, a Rússia questionou a decisão de estender os cortes existentes de 1,8 milhão de barris por dia até o fim do próximo ano, uma vez que tal medida poderia desencadear uma alta na produção dos Estados Unidos.
“Se produtores dos EUA aumentarem o número de sondas ao longo dos próximos poucos meses devido aos preços mais altos, então eu espero outro colapso nos preços até o fim de 2018”, comentou o presidente-executivo do conselho da produtora de petróleo Pioneer Natural Resources, com operações no Texas e nos EUA Scott Sheffield.
“Eu espero que todas as companhias de xisto dos EUA mantenham seu atual número de sondas e usem todo o excesso de fluxo de caixa para aumentar dividendos de volta aos acionistas”, disse ele à Reuters.