Usinas de João Monlevade e Serra azul terão suas capacidades ampliadas devido ao aumento na demanda por aço e minério de ferro. 

A ArcelorMittal, que completa em dezembro deste ano 100 anos de atividades no Brasil no segmento de aços longos, anunciou nesta quinta-feira (11/11) que investirá R$ 4,3 bilhões em sua operação brasileira a partir de agora até 2024. Os investimentos serão feitos na Usina de Monlevade, na cidade de João Monlevade, e na Mina de Serra Azul, em Itatiaiuçu, ambas em Minas Gerais.

A Usina de Monlevade quase dobrará a capacidade produtiva, passando do atual 1,2 milhão de toneladas/ano de aço bruto para 2,2 milhões de toneladas/ano em 2024. Já a Mina de Serra Azul terá sua produção praticamente triplicada, do atual 1,6 milhão de toneladas/ano para 4,5 milhões de toneladas/ano de minério de ferro.

Segundo a ArcelorMittal, o aporte reforça o comprometimento da empresa com Minas Gerais, com o Brasil e com as comunidades que abrigam suas operações. “O Estado terá aumentada a produção de aço em cerca de um milhão de toneladas/ano para aplicação em produtos de alto valor agregado. Já a produção de minério de ferro será aumentada em 4,9 milhões de toneladas/ano – considerando os 2,9 milhões de toneladas de Serra Azul somados ao acréscimo de 2 milhões de toneladas da Mina do Andrade, localizada em Bela Vista de Minas, que abastece a Usina de Monlevade. As expansões gerarão equivalente elevação da contribuição de impostos para municípios, Estado e União”, informou a companhia.

A meta de aumento de produção projeta também a abertura de novas vagas de empregos permanentes. Quando as plantas estiverem operando à plena capacidade, em 2024, serão 1.350 novos postos de trabalho a serem preenchidos preferencialmente pelos moradores das comunidades que abrigam as unidades. Do total de posições, 650 novos trabalhadores serão contratados para a Usina de Monlevade e 330 para a Mina do Andrade, enquanto 370 novos profissionais irão atuar na Mina de Serra Azul.

De acordo com a empresa, as obras de ampliação da Usina de Monlevade e da Mina de Serra Azul também gerarão empregos temporários pelas construtoras e empresas terceirizadas contratadas. A previsão é que, no pico das obras, cinco mil pessoas estejam trabalhando em Monlevade e 2,5 mil em Serra Azul, totalizando 7,5 mil trabalhadores.

Perspectivas

Segundo a ArcelorMittal, os investimentos foram decididos por uma análise estratégica de negócios. A empresa se diz confiante no cenário a médio e longo prazo do país, apesar do entendimento de que o mercado brasileiro de 2021 está sendo atípico. A organização acredita no crescimento sustentável do Brasil e no aumento da demanda por aço, especialmente em setores-chave da economia brasileira, como construção civil, automotivo, máquinas e equipamentos, e por minério de ferro, tanto no mercado interno quanto para exportação para ambos os produtos.

“Estamos otimistas com a demanda futura por parte das indústrias que trabalham com o nosso aço. O anúncio dos investimentos reforça a confiança do Grupo ArcelorMittal no futuro do Brasil e queremos continuar contribuindo fortemente, a partir de nossos negócios, para o desenvolvimento econômico e social do país”, destaca Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO Longos LATAM e Mineração Brasil.

Usina de Monlevade

Ainda segundo a companhia, a Usina de Monlevade é a única fabricante brasileira de aço utilizado para a produção de cordoalhas aplicadas na fabricação de pneus (steelcord). Além disso, produz aços longos com características especiais para fabricação de autopeças como barras para amortecedores, molas helicoidais, fixadores, lã de aço, cabos e soldas.

Serão implantados mais uma sinterização, um novo alto-forno e será feita a duplicação da aciaria. O investimento também compreende ampliação dos sistemas logísticos de recepção de matérias-primas e expedição. Essa nova fase de produção alimentará o trem de laminação de fio máquina (TL3), que começará a operar em janeiro de 2022.

O projeto de expansão da Usina de Monlevade também contempla investimentos para ampliação da produção da Mina do Andrade, fornecedora de minério de ferro para a planta. A unidade está localizada a onze quilômetros da usina, na cidade vizinha Bela Vista de Minas. A mina mais que dobrará a produção, do atual 1,5 milhão de toneladas/ano para 3,5 milhões de toneladas/ano.

Serra Azul

Já em Serra Azul será construída uma nova planta de produção de pellet feed (fino de minério de alto teor) que, além de aumentar a capacidade de produção, estenderá a vida útil da mina em 33 anos, até 2056.

A atual planta de beneficiamento do minério foi planejada para processar somente o chamado itabirito friável, que é um minério mais fácil de ser britado, moído e concentrado. Esse minério se esgotará em 2023, quando será feita a transição da planta atual para a nova.

Essa unidade de produção de pellet feed será capaz de beneficiar o chamado itabirito compacto, que é mais resistente, apresenta menor teor de ferro e exige técnicas especiais de beneficiamento e concentração. O produto final será um minério de ferro classificado como pellet feed, produto nobre, com alto teor de ferro.

100 anos de ArcelorMittal

O anúncio dos investimentos coincide com o aniversário de 100 anos do segmento de aços longos da ArcelorMittal no Brasil, que teve sua história iniciada em dezembro de 1921, na Usina de Sabará, a primeira usina integrada da América do Sul e pioneira na fabricação de laminados com aço 100% brasileiro.

“Temos uma trajetória no país marcada por pioneirismo e inovação. Neste ano do centenário, o segmento de Longos criou a Diretoria de Estratégia, ESG e Transformação do Negócio, chamada de Diretoria do Futuro, com o intuito de direcionar a empresa para os próximos cem anos de atuação, conectada com os principais desafios da sociedade. Com os pés no chão e olhos no futuro, continuaremos fortalecendo a nossa presença no país e liderando as transformações na indústria e na sociedade visando um mundo melhor”, pontua De Paula.

Lucro no trimestre e reversão de prejuízo

A empresa também divulgou os resultados no terceiro trimestre de 2021 (3T21), quando registrou um lucro líquido de US$ 4,6 bilhões, revertendo um prejuízo de US$ 261 milhões no mesmo período de 2020 (3T20), auge da pandemia de Covid-19. As vendas da companhia na siderurgia chegaram a US$ 20,2 bilhões entre julho e setembro, uma alta de 52,4% na comparação com o 3T20.

Foi o  melhor resultado no período desde 2008, segundo a empresa.  “Apesar da volatilidade que nós continuamos a ver como resultado das repercussões da pandemia, esse está sendo um ano muito forte para a ArcelorMittal”, diz Aditya Mittal, diretor-presidente da companhia, em nota. “Reforçamos nosso balanço, nos posicionamos para a transição a uma economia de baixo carbono e estamos crescendo com projetos de alta qualidade e retorno” completou.

No Brasil, o resultado também foi positivo. A ArcelorMittal obteve US$ 3,6 bilhões em receitas no 3T21, uma alta de 122% em comparação ao 3T20. A empresa produziu 3,1 milhões de toneladas no país de aço, alta de 35,3%. Também teve alta os  embarques, que somaram 2,8 milhões de toneladas, alta de 16,6%.

Voltar