Artigo | Como a inteligência artificial tem transformado a engenharia de projetos

Por Felipe Rocha*

A engenharia civil vem passando por uma revolução tecnológica, impulsionada pela inteligência aplicada à área de projetos. Essa transformação veio com a adoção de ferramentas digitais, que proporcionam benefícios diversos, tais como a elevação da qualidade técnica, a concepção de soluções por meio de modelos tridimensionais para comunicação visual, explorando os horizontes da realidade virtual aumentada e mista, e o aprimoramento do acompanhamento completo do ciclo de vida dos ativos construídos.

A inteligência em projetos tem como missão aproximar o usuário final das intricadas soluções de engenharia, seja o usuário um técnico experiente, um leigo ou um gestor habituado. Em todos os casos, o uso da tecnologia visa a conexão. Nesse cenário, a metamorfose da topografia tradicional, agora rebatizada como “captura da realidade”, avança com vigor. Levantamentos fotogramétricos feitos por drones, câmeras 3D e até dispositivos móveis capturam imagens fidedignas do terreno em sua completude, impulsionando a gênese de soluções robustas e mitigando erros na implementação de projetos.

Anteriormente, a realização dessa atividade era proibitiva em diversos projetos, em razão de custos e prazos incompatíveis. Hoje, variados métodos estão ao alcance, moldados para suprir as reais demandas de cada empreendimento, sempre considerando a complexidade envolvida. Esse leque amplo não apenas encurta os prazos e reduz os custos, como também assume um papel crucial na escolha da tecnologia ideal.

A captura da realidade pode se materializar como nuvens de pontos para objetivos específicos ou se moldar em modelos tridimensionais, alinhados ao padrão BIM (Modelagem de Informações de Construção). O BIM é, em essência, um ecossistema de tecnologias, processos e diretrizes que estimula a colaboração harmoniosa entre diversas disciplinas. Essa abordagem colaborativa é a essência da “nova” engenharia, pois permite que diversos stakeholders interajam em todas as etapas. O resultado é uma solução final refinada e uma redução drástica de erros e retrabalhos.

Destacam-se também as tecnologias imersivas, que nos permite interagir com outras pessoas, por meio de um ambiente de realidade virtual, nos proporcionam uma abordagem comunicativa, de testes e visualização intuitiva para projetos complexos. A dificuldade em transmitir informações altamente técnicas para gestores e líderes encontra nessas tecnologias uma solução bastante eficiente. Ao invés de analisar esquemas em papel, a revisão ocorre digitalmente, por meio de modelos tridimensionais. Essa abordagem elimina barreiras de comunicação e agiliza a identificação de falhas.

A DF+ ilustra essa jornada tecnológica por meio da aplicação em diversos projetos. Um exemplo notável é a utilização da realidade aumentada para comunicar o Plano Diretor de uma mina a um proeminente player no setor de mineração. O Plano Diretor, repleto de relatórios, desenhos e disposições locacionais, muitas vezes, dificulta a comunicação precisa dos aspectos e detalhes para stakeholders essenciais à tomada de decisões no âmbito da mineração. Nesse contexto, tecnologias como maquetes eletrônicas e realidade aumentada emergem como ferramentas indispensáveis.

Na área de gerenciamento de projetos, a adoção de ferramentas tecnológicas vem tornando o controle das operações mais eficiente, com resultados diretos ao cliente, como redução de desperdícios e gastos. Além disso, a tecnologia a serviço do gerenciamento de obras garante um monitoramento mais preciso, eliminando falhas e outros possíveis problemas.

Resumindo, o esforço contínuo rumo a uma engenharia de excelência demanda inovação. O aprimoramento técnico caminha lado a lado com a transformação de métodos e a transição para o digital. Termos como realidade aumentada, realidade virtual, BIM e gêmeo digital não apenas emergem como protagonistas, mas trazem consigo o potencial de remodelar, de maneira essencial, os paradigmas da engenharia nos anos vindouros.

É crucial destacar que essa evolução se dá com a integração de diferentes softwares de modelagem, desenho e gestão. Para efetivamente abraçar essa revolução, é imperativo possuir as ferramentas tecnológicas apropriadas, que agem como pilares na construção do futuro da Engenharia Civil.

*Felipe Rocha é engenheiro e gerente de Inovação & Soluções Digitais (ISD) da DF+ Engenharia.

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