Ana Cabral propõe cooperação tecnológica com a indústria de lítio do Chile

CEO da Sigma Lithium se manifestou a favor de uma parceria durante o Fórum Empresarial Chile-Brasil, promovido pela Apex Brasil, em Santiago.

Ana Cabral, CEO da Sigma Lithium | Crédito: Divulgação.

Com oportunidades para ampliar o protagonismo na cadeia global da indústria de lítio para baterias de veículos elétricos, a cooperação entre Brasil e Chile pode impulsionar a participação dos dois países na cadeia industrial do lítio.

A afirmação foi feita pela CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral, durante o Fórum Empresarial Chile-Brasil, promovido pela Apex Brasil, em Santiago.

A cooperação, segundo Ana Cabral, passa pela troca de tecnologia industrial e de bens de capital, através do livre comércio de equipamentos industriais de produção de lítio entre Brasil e Chile.

Na avaliação da empresária, essa troca para a construção da cadeia de suprimentos de baterias depende da escala da demanda e de políticas industriais. “Esse é um processo que não acontece da noite para o dia, mas com visão de ao menos cinco anos de planejamento. Os países líderes são aqueles que, como o Brasil e Chile, mantiveram a cadência em suas políticas de investimento no segmento, independente do ciclo do metal”, afirmou.

Ela ressaltou que os países latino-americanos têm operações de lítio complementares. No Brasil, a industrialização do lítio pré-químico é feita a partir de minerais de rocha, enquanto no Chile, o processo é realizado a partir de lagos de salmoura. 

“Isso leva a uma troca de conhecimentos natural a ser feita, porque são especializações distintas na produção do lítio pré-químico”, disse.  

A CEO da Sigma Lithium destacou ainda a eficiência da indústria de lítio dos dois países, de padrão global, com produção de baixo custo e alinhada às melhores práticas sociais, livre de trabalho infantil e de violações de direitos humanos. No ranking global de empresas com mais baixos custos, a SQM, maior produtora chilena, é líder, e a Sigma ocupa a terceira posição.

Outro aspecto importante da produção comum, conforme a empresária, é a baixa emissão de carbono. O Chile tem uma trajetória de décadas de engenharia na construção de plantas químicas industriais industriais de lítio. Já o Brasil iniciou sua produção em larga escala com a Sigma, mais recentemente, em 2023. A empresa, no entanto, já nasceu investindo significativamente em tecnologias cleantech.

Segundo Ana Cabral, essa agenda de cooperação também passa pela defesa de certificados de origem do lítio, já buscados pela Sigma Lithium e pela SQM, que atestem a produção baixo carbono e a rastreabilidade social, a exemplo do que foi feito para combater os “diamantes de sangue”, na África, em 2002, e depois os “minerais de sangue”, em 2015. “Brasil e Chile fazem o lítio com menor carbono do mundo”, comentou a executiva.

Em sua participação no Fórum Empresarial Chile-Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o papel que as commodities minerais representam historicamente nas economias brasileira e chilena. Ele defendeu uma produção de maior valor agregado e com investimento tecnológico para o desenvolvimento dos dois países. 

Para o presidente da República, Brasil e Chile estão bem posicionados para aproveitar as oportunidades de industrialização da transição energética. “Somos os dois países mais inovadores na América Latina. Associar a riqueza mineral a sólidos investimentos em ciência, tecnologia a inovação será central para uma transição justa”, disse Lula.

Brasil e Chile assinam carta de intenções para desenvolvimento no setor mineral

Durante a visita do presidente Lula ao Chile, os ministros Alexandre Silveira, de Minas e Energia (MME), e Aurora Williams, de Mineração do Chile, assinaram, uma carta de intenções para desenvolvimento no setor mineral dos dois países visando os minerais estratégicos para a transição energética. O ato foi durante a realização do Fórum Empresarial Chile-Brasil, em que Silveira integrou a comitiva oficial do presidente Lula.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu que Brasil e Chile devem se fortalecer para estender a cadeia de produção através da troca de conhecimentos. A ministra da Mineração chilena, Aurora Williams, afirmou que a parceria com o Brasil é importante para o compartilhamento de boas práticas e que a visão dos dois governos pode promover a sustentabilidade na indústria de minerais críticos.

No documento os dois países se comprometem a discutir políticas e ações no setor mineral para promover a transparência no setor mineral entre os dois países; a cooperarem no âmbito de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para inovação no setor; e a promover o estabelecimento de programas de qualificação e formação da mão-de-obra setorial.

O texto também ressalta a importância dos dois países em incentivar a implementação de práticas de mineração sustentáveis; adicionar políticas que procurem atrair investimento estrangeiro direto no setor; facilitar o intercâmbio de conhecimentos técnicos e tecnologias entre os países; e promover a adoção de tecnologias avançadas e práticas de mineração digital.

 

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