
“O lítio brasileiro não é apenas um insumo crítico para baterias, mas um diferencial estratégico por ser produzido com os mais altos padrões ESG do mundo.” A afirmação é da CEO e Cofundadora da Sigma Lithium, Ana Cabral, que participou do seminário Brazil Japan Business, promovido pelo governo de Minas Gerais em missão oficial à Ásia.
A companhia, que iniciou a produção no Vale do Jequitinhonha (MG) há dois anos, vem reforçando a estratégia de liderar a indústria de lítio verde no mundo. Neste período, a Sigma se tornou o quinto maior complexo industrial do planeta com pegada de baixo carbono, além de destaque em diálogo social e alto valor agregado.
A empresa participou do painel sobre transformação industrial na mineração e siderurgia: sustentabilidade, inovação e tecnologia, que reuniu líderes da Usiminas, Gerdau, Vale e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), moderado pelo presidente da Invest Minas, João Paulo Braga.
Durante o debate, Ana Cabral apresentou os avanços do Projeto Grota do Cirilo, o maior empreendimento de lítio sustentável da América Latina. Ela destacou a eficiência planta Greentech, 100% alimentada por energia limpa e com reaproveitamento total da água no processo produtivo.
Ela comentou ainda a importância da relação com o mercado japonês, vista como prioritária, não apenas pela demanda crescente por veículos elétricos, mas também pela busca de parceiros confiáveis e alinhados com metas climáticas.

O Japão é hoje o sexto principal destino das exportações mineiras. Em 2024, Minas Gerais foi o estado brasileiro que mais vendeu ao país asiático, com US$ 1,1 bilhão em exportações, representando quase 20% do total nacional. O fluxo comercial bilateral somou US$ 1,5 bilhão, com superávit de US$ 740 milhões para o estado.
O presidente da Fiemg, Flavio Roscoe, destacou que, após o sucesso das missões à Ásia, o evento marca um novo capítulo na estratégia de internacionalização da indústria mineira, visando consolidar as relações com o mercado asiático.
“Queremos mostrar a força da nossa indústria e o potencial do estado como destino confiável para investimentos, promovendo conexões que gerem negócios, inovação e desenvolvimento para ambos os lados”, ressalta.
Minas Gerais como polo de minerais do futuro
A busca por um ambiente cada vez mais favorável para investimentos em Minas Gerais também esteve na pauta de discussões durante o evento no Japão. Segundo o governador Romeu Zema, o estado tem feito reformas importantes para atrair investimentos estratégicos como os ligados à transição energética.

“Estamos reduzindo burocracias e criando um ambiente de negócios seguro e transparente”, afirmou.
Minas Gerais desponta como protagonista na nova geopolítica dos minerais críticos, com destaque para o Vale do Jequitinhonha que reúne 17 municípios e abriga a maior reserva do mineral no país. O estado vem recebendo políticas públicas para acelerar a atração de empresas e qualificar a mão de obra local, num esforço de verticalização da cadeia e retenção de valor agregado.
O evento, promovido pela Fiemg em parceria com o governo mineiro, também contou com participação das secretárias estaduais Mila Corrêa da Costa (Desenvolvimento Econômico) e Marília Melo (Meio Ambiente), além de representantes da Assembleia Legislativa e da Codemge e empresários de Minas Gerais e do Japão.