Criado pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil – Alemanha, centro voltado para a mineração quer ampliar as parcerias no setor entre os dois países.

A Alemanha, um dos países mais industrializados e desenvolvidos do planeta, depende da importação de bens primários minerais para suprir o setor o industrial. Garantir o fornecimento estável e de longo prazo de matérias-primas, com preços competitivos, é de suma importância para a economia alemã. Em 2010, o país aprovou uma política estratégica com esse fim. O Brasil é um player essencial para o êxito do planejamento alemão. E o Centro de Competência de Mineração e Recursos Minerais (CCMRM) tem importante papel para a parceria.

Em 2014, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil – Alemanha (AHK) elaborou um estudo abrangente sobre o setor mineral brasileiro. O documento serviu de base para o Ministério da Economia e Energia da Alemanha (BMWi) autorizar, em 2015, a abertura do Centro de Competência de Mineração e Recursos Minerais (CCMRM) no Brasil. A intenção é criar um ente articulador entre a indústria alemã e o setor extrativo nacional.

WORKSHOP

Em abril de 2016, a AHK promoveu no país o primeiro evento voltado para a mineração – um workshop com a temática “Desafios Atuais e Atuação do Centro de Competência de Mineração e Recursos Naturais”. A intenção foi identificar os principais desafios do setor no Brasil e facilitar a interação dos atores presentes.

Alessandro Colucci, especialista em mineração e recursos minerais e coordenador do CCMRM, classificou a iniciativa como um “evento inicial” para colocar na pauta das empresas filiadas à AHK no setor minerário brasileiro. O movimento reúne fornecedores, órgãos públicos e entidades interessadas no assunto. “O workshop deu início a um novo grupo de trabalho da Câmara, focado nos temas da mineração. Durante o evento, apresentamos a iniciativa do Centro de Competência e elaboramos com os participantes uma pauta com temas que vão ser abordados sistematicamente durante as próximas reuniões”, avalia.

Alessandro Colluci ressalta que o objetivo da ação é criar um work in progress. Isso limita a possibilidade de fazer previsões. No entanto, o coordenador do CCMRM diz ter se surpreendido com a alta demanda e o interesse por parte das empresas em participar do grupo de trabalho.

SEMINÁRIO

Colluci salienta que o ponto alto dos eventos programados para 2016 será o I Seminário Brasil – Alemanha de Mineração e Recursos Minerais. O encontro está marcado para Belo Horizonte nos dias 9 e 10 de agosto. “No primeiro dia teremos apresentações e palestras. No segundo, a programação prevê uma visita técnica ao Centro de Desenvolvimento Mineral da Vale em Santa Luzia. Além disso, o Centro está avaliando uma participação com um estande no World Mining Congress, no Rio de Janeiro”, adianta Colluci. O World Mining Congress está programado para ocorrer entre 18 e 21 de outubro.

ATIVIDADES

O Centro de Competência de Mineração e Recursos Minerais atua em diversas frentes: oferece serviços como organização de participação em eventos técnicos, estudos de mercado, apoio em contatos com órgãos públicos e empresas, intermediação de parcerias de negócios, viagens para participação em feiras e viagens de delegações.

O CCMRM brasileiro integra uma rede mundial de entidades irmãs, com presença na Austrália, no Chile, no Canadá, no Peru e na África do Sul.

Além de propor soluções, o CCMRM recebe contribuições dos participantes. A empresa alemã Vulkan do Brasil é uma das líderes no fornecimento de acoplamentos, sistemas de frenagem e contra recuos para a indústria extrativa nacional e da América Latina. O presidente da companhia, Klaus Hepp, acredita que a vivência de 40 anos no mercado brasileiro possa ajudar os parceiros que integram o CCMRM. “A Vulkan do Brasil dispõe de uma enorme experiência sobre negócios com a indústria brasileira. Podemos contribuir para que as demais empresas alemãs entendam melhor como funcionam os negócios no Brasil e, assim, encontrem a melhor entrada para este mercado”, propõe.

A Alemanha tem um longo histórico na mineração. A tradição do país no setor ajudou a criar uma eficiente estrutura de faculdades especializadas e institutos de pesquisa. Os alemães são importantes atores mundiais da área de máquinas e plantas industriais, assim como apresentam expertise no ramo de consultoria, com atuação mundial.

MINERAÇÃO NA ALEMANHA

Geralmente as atividades minerárias na Alemanha estão concentradas nas áreas de carvão, lignita e potássio, como explica o coordenador do CCMRM, Alessandro Colucci. A extração que mais avança é a de lignita, feita a céu aberto, com produção anual que gira entre 170 milhões e 180 milhões de toneladas, colocando o país como o maior produtor mundial. O mineral contribui com 25% da produção de energia elétrica no país.

A extração subterrânea de carvão na Alemanha deve sofrer um baque em 2018, ano em que vão acabar os subsídios à atividade.

Hoje o país produz cerca de 10 milhões de toneladas anuais. A Alemanha também guarda jazidas de caulim de alta qualidade, tornando o
país autossuficiente nesse mineral.

Outros bens minerais relevantes para a indústria mineral alemã são brita, areia, pedras naturais, argilas, cal e produtos derivados, como cimento e gesso, com produção conjunta estimada em 600 milhões de toneladas por ano. “Na mineração, o ideal não é fazer uma comparação entre Brasil e Alemanha, mas ressaltar as complementaridades. Os dois países ganham muito com a parceria que estamos propondo”, avalia Colucci.

A cadeia minerometalúrgica alemã tem produção anual avaliada em 264 bilhões de Euros. O valor corresponde a 6,4% do PIB.

Somados, os setores de mineração, produção de gás e petróleo, geração de eletricidade, metalurgia e fundições geram mais de 1,2 milhão de empregos. A ocupação de vagas nesses setores representa 3,6% dos postos de trabalho do país.

EXCLUSIVIDADE

A Alemanha integra o grupo restrito de países com licença para a exploração mineral marinha. A concessão foi feita pela Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (International Seabed Authority). Outro diferencial do setor minerário germânico é a existência de cavernas repletas de gás natural. Essas formações funcionam como armazéns e, no país, existem mais de 50 delas. No mundo, há 600 cavernas com esse perfil.

LONGA EXPERIÊNCIA

A Câmara de Comércio e Indústria Brasil – Alemanha atua para fomentar as relações econômicas entre os dois países. A instituição representa oficialmente a economia alemã no Brasil. Dentre suas atribuições estão o fortalecimento e a diversificação dos negócios de seus associados, a atração de investimentos para a economia brasileira e a ampliação do comércio bilateral e da cooperação entre as nações.

A entidade tem papel importante no apoio aos negócios dos associados e trabalha para ampliar estrategicamente as atividades de empresas alemãs no Brasil. Em novembro de 2016, a Câmara Brasil – Alemanha celebra 100 anos de fundação. A entidade atua em 11 cidades brasileiras e reúne 1,2 mil associados, entre empresas de capital ou knowhow alemão instaladas no Brasil, além de companhias brasileiras e alemãs voltadas para o comércio.