Projeto, que inclui extração, beneficiamento e produção de fertilizantes, vai contribuir para o suprimento do produto no Brasil, que, atualmente, importa cerca de 70% dele.

A região de Patrocínio, no Alto Paranaíba de Minas Gerais, vai receber mais um grande investimento na área de fertilizantes. Além de recursos obtidos da Vale, os quais foram anunciados pela Revista Mineração & Sustentabilidade, agora a Galvani está aplicando US$ 500 milhões em um projeto que vai englobar extração de rocha fosfática, beneficiamento do produto e tratamento químico para a finalização do fertilizante na divisa, em Serra do Salitre. As obras já estão avançadas, e a previsão é que a primeira fase do projeto seja colocada em prática no segundo semestre de 2017.

No Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre, que contempla uma área total de 2.500 hectares na cidade, a capacidade de produção anual chega a 1,2 milhão de toneladas (mi/ton) de concentrado fosfático; 250 mi/ton de ácido fosfórico e 900 mi/ton de fertilizantes granulados. “O minério vai chegar com 4% de concentrado fosfático, e vamos conseguir elevar para mais ou menos 30%”, explica o gerente de projetos da Galvani, Gustavo Horbach. A expectativa é que com o projeto sejam gerados em torno de 1.200 postos de trabalho, sendo aproximadamente 700 diretos e 500 indiretos.

De acordo com o executivo, a mina entra em operação em 2017, e as plantas químicas, em 2018, com o projeto atingindo o ramp up (a capacidade total) em 2021.

O objetivo é contribuir para o suprimento de fertilizantes no Brasil, que, atualmente, importa cerca de 70% desse produto.

Devido à forte atividade de agricultura nacional, o país é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, ficando atrás apenas de China, Índia e Estados Unidos. Enquanto o consumo mundial desses produtos aumenta a cada ano cerca de 2%, em território nacional esse índice chega a 4%. “Esse projeto vai ajudar o Brasil a reduzir a dependência de exportação de fertilizantes”, salienta.

Conforme Horbach explica, por conta do clima e do tipo de solo brasileiro, os fertilizantes mais demandados por aqui são os fosfatados, enquanto, ao redor do mundo, são os hidrogenados.

Obras estão adiantadas; previsão é que a operação comece no segundo semestre de 2017 – Fotos: Fabrício Trevisan

O COMPLEXO

O projeto inclui uma mina, cujo tempo de vida útil está estimado em 25 anos, com lavra a céu aberto. De lá, o minério extraído será encaminhado por meio de correias transportadoras para a usina de concentração, onde será beneficiado. As obras estão avançadas, segundo o gerente de projetos. Em seguida, o produto será levado para as unidades químicas, onde serão produzidos ácidos sulfúrico e fosfórico para acidulação e granulação de fertilizantes.

Enquanto a última fase em Minas Gerais não é finalizada, o minério beneficiado seguirá para a unidade da Galvani em Paulínia, no interior de São Paulo, para ser transformado em fertilizante. De acordo com Horbach, o projeto apresenta soluções de engenharia própria, criadas pela empresa, que agilizam a execução e ainda reduzem os custos em aproximadamente 15%.

A expectativa da empresa é que, utilizando sua capacidade total, a produção nacional de fosfato tenha um acréscimo
de 20%, a qual será voltada apenas para consumo no Brasil, direcionada principalmente para os grandes produtores.

SEGURANÇA DE BARRAGENS

O rompimento da barragem da Samarco em Mariana, em dezembro de 2015, fez com que os brasileiros passassem a temer essas estruturas, mas também demandou das empresas mais atenção em relação ao quesito segurança. Assim, para redobrar os cuidados quanto à deposição dos rejeitos no Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre, a direção da empresa promoveu duas auditorias independentes, além de adotar um método de manutenção que, praticamente, anula a possibilidade de acidentes.

Segundo Horbach, o alteamento será feito para trás. Com isso, não será preciso mobilizar material de dentro do círculo de rejeitos. “Isso depende muito de espaço disponível, mas espaço a gente tem. Hoje, essa barragem está em um nível, mas vai crescer 50 metros para cima. E esse crescimento ocorrerá sem a necessidade de mobilização de uma área sob a água. Do ponto de vista do controle de qualidade, isso nos dá uma tranquilidade e uma segurança que talvez outros projetos não tenham”, afirma.

Uma das barragens terá capacidade final de 200 milhões de metros cúbicos, o que equivale a 80 mil piscinas olímpicas.

Agora, estão sendo feitos os dispositivos de segurança extravasores, úteis em caso de volume excessivo de chuvas. “Estamos com esses dispositivos prontos para a segurança das comunidades. Essa barragem tem métodos construtivos e de controle que são o ‘estado da arte’ da mineração hoje em dia”, resume.

SUSTENTABILIDADE EM PAUTA

A preocupação com o meio ambiente e com as comunidades do entorno está presente no projeto e também estará durante a operação, conforme garante Gustavo Horbach. Segundo ele, um dos destaques é que 80% dos 54 armazéns são construídos com eucaliptos provenientes de reflorestamento.

Além disso, o complexo vai contar com um sistema de reaproveitamento de água.

Toda quantidade desse líquido empregada no processo de beneficiamento será tratada e reutilizada dentro da própria mina. “É impossível pensar em um projeto desse porte sem que ele tenha um foco de sustentabilidade e proteção ao meio ambiente”, diz.

A empresa também tem desenvolvido uma série de trabalhos com a comunidade de Serra do Salitre, por meio do Instituto Lina Galvani. São programas de educação ambiental, palestras em escolas da região, encontro com representantes da prefeitura, entre outras ações. A preocupação com a fauna e a flora também está presente através do encaminhamento de animais silvestres para um centro específico em Patos de Minas e do plantio de novas árvores, como forma de compensar as que precisaram ser extraídas para a execução do projeto.

O PROJETO EM NÚMEROS

ÁREA TOTAL:
2.500 hectares na Serra do Salitre, a 398 km de Belo Horizonte

INVESTIMENTO:
US$ 500 milhões

EMPREGOS:
Cerca de 1.200, entre diretos e indiretos

CAPACIDADE PRODUTIVA:
1,2 milhão de tonelada de concentrado fosfático;
250 milhões de toneladas de ácido fosfórico;
900 milhões de toneladas de fertilizantes granulados.