Fabricante de produtos de alumínio do grupo Votorantim pretende levantar R$ 2 bilhões em operação que deve ocorrer entre junho e julho.

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), queridinha do empresário Antônio Ermírio de Moraes, um dos quatro membros da terceira geração da família fundadora do grupo Votorantim, está planejando listar a empresa no mais alto nível da B3. Na noite da última segunda-feira (17), a fabricante de produtos de alumínio entrou com pedido de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fazer sua uma oferta pública (IPO) de ações.

O plano é levantar ao menos R$ 2 bilhões com a operação, que será em duas partes – primária e secundária – iguais. A ideia da secundária, além de recursos que vão para o caixa da holding, Votorantim S.A., dona de 100% do capital da CBA, é gerar mais liquidez ao papel, afirmaram ao Valor fontes próximas do processo de IPO.

Após a morte de Antônio Ermírio, em agosto de 2014, as novas gerações da família e seus gestores profissionais visam caminhos de capitalização das empresas da companhia para crescerem e elevar seu nível de governança. Atualmente, já são listadas na Bolsa a mineradora de zinco Nexa Resources (Nova York e Toronto) e a geradora de energia Cesp. A CBA torna-se a terceira do grupo. É esperado que a Votorantim Cimentos, que tentou em 2013, seja a próxima.

A intenção é consumar a operação entre junho e julho, aproveitando a janela do mercado para novos lançamentos de ações.

Fundada em 1941, a CBA teve receita líquida de R$ 5,4 bilhões no ano passado. Conta com capacidade de produção de 430 mil toneladas ao ano de metal primário no site localizado em Alumínio (SP). Em produtos para venda (lingotes, tarugos, laminados e extrudados), a empresa tem capacidade de fazer 515 mil tonelada ao ano, somadas as unidades da Metalex (Araçariguama-SP) e de Itapissuma (PE). Em material com maior valor agregado – extrudados e laminados – produz 220 mil.

A CBA tem uma grande vantagem frente a outras produtoras de alumínio, no país e exterior – ela mesmo gera 100% da energia utilizada. São 21 hidrelétricas construídas ao longo de décadas, com potência total de 1,4 gigawatts (GW). Os recursos da oferta irão para novos projetos de geração, principalmente de energias renováveis (eólica e solar).

Recentemente, a companhia já firmou acordo com a Votorantim Energia de investimento em novo parques eólicos no Piauí. O novo passo será na geração solar. O grupo quer reforçar seu selo de produtora de “alumínio verde”, elevando a fatia de fontes renováveis em sua matriz energética.

A CBA também conta com produção integrada: da mineração de bauxita ao produto transformado. Ela detém minas em Poços de Caldas e na Zona da Mata (Minas Gerais), e em Barro Alto (GO). O minério vai por ferrovia para Alumínio, onde se transforma em alumina, depois metal primário e, por fim, em vários produtos.

A empresa possui ainda (na gaveta) um projeto de produção de bauxita em reservas do mineral no sul do Pará, próximo de Marabá. Com o minério, o plano é montar uma refinaria de alumina no local, com capacidade de produzir até 6 milhões de toneladas por ano, para uso próprio e exportação.

Além de investir em energia, a CBA quer modernizar instalações (salas de fornos) em sua fábrica de Alumínio e fazer aquisições de ativos, como a fábrica de laminados de Itapissuma, comprada da Arconic (antiga Alcoa) em 2020.

O momento do alumínio é muito bom: a cotação na Bolsa de Londres subiu, em média, de R$ 7,5 mil a tonelada, para R$ R$ 13 mil na média deste segundo trimestre. No mercado spot, em dólar, está US$ 2,438. No primeiro trimestre, com aumento de volume vendido e preços em alta, a empresa teve receita de R$ 1,79 bilhão, 43% a mais que um ano atrás.

 

Fonte: Valor.