Segundo o Ministério da Economia, exportações deverão encerrar ano com recorde de US$ 307,5 bi.

A alta no preço das commodities (bens primários com cotação internacional), principalmente minério de ferro e petróleo, e a recuperação da demanda externa em diversas partes do mundo, principalmente na Ásia, fizeram o Ministério da Economia elevar de US$ 89,4 bilhões para US$ 105,3 bilhões a projeção de superávit comercial (exportações menos importações) em 2021. Caso a previsão se confirme, o saldo será o maior desde o início da série histórica, em 1989.

A estimativa está bastante superior à do mercado financeiro. Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada toda semana pelo Banco Central (BC), a previsão para o superávit da balança comercial está em US$ 68,8 bilhões. O número, no entanto, pode ser revisto para cima nas próximas semanas.

Até agora, o recorde de superávit na balança comercial havia sido registrado em 2017, quando o país exportou US$ 56,04 bilhões a mais do que importou. No ano passado, marcado pela interrupção temporária de fluxos comerciais por causa da pandemia de covid-19, o superávit somou US$ 50,39 bilhões.

As exportações avançaram 60,8% em junho contra igual mês de 2020, com alta em todas as grandes atividades econômicas. A indústria extrativa liderou o avanço, com US$ 9,16 bilhões embarcados e alta de 175,8%. Dentro da indústria extrativa, minério de ferro avançou 172,1% e petróleo, 208,9%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (01/07) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

A cada três meses, a Secex atualiza as previsões para a balança comercial. Tanto as projeções para a exportação e importação subiram. A estimativa para as vendas externas em 2021 passou de US$ 266,6 bilhões para US$ 307,5 bilhões. Esse valor seria o maior da história. Até agora, o recorde de exportações havia sido registrado em 2011, com US$ 253,67 bilhões.

Em relação às importações, o país deverá comprar US$ 202,2 bilhões em 2021, contra previsão anterior de US$ 177,2 bilhões. Caso o montante se confirme, o valor seria o quinto maior da história, perdendo para os anos de 2011 a 2014. Pela nova metodologia do Ministério da Economia, o recorde anual de importações ocorreu em 2013, com US$ 241,5 bilhões comprados do exterior.

Melhorias

O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão disse que a evolução do saldo comercial em 2021 decorre da valorização de commodities, principalmente minério de ferro e petróleo, e da recuperação econômica global em países que avançam no controle da pandemia de covid-19, com destaque para o mercado asiático.

“Os países asiáticos são os maiores destinos das exportações brasileiras. Já havia crescido em volume no ano passado, e houve aumento da demanda de outros parceiros comerciais como Estados Unidos, Argentina e União Europeia, que se somam à demanda aquecida da Ásia”, explicou Brandão.

No caso das importações, o aumento das compras do exterior é motivado pelo crescimento da economia brasileira, que se reflete na recuperação da indústria e da agricultura, que compram mais matérias-primas. “Demandamos mais insumos e matérias primas, o Brasil tem produção agrícola crescente que requer a importação de adubos, fertilizantes, a indústria de eletroeletrônicos demanda componentes importados”, destacou.

No primeiro semestre, o Brasil exportou US$ 37,496 bilhões a mais do que importou, o melhor resultado para o período desde o início da série histórica, em 1989.

Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a nova estimativa do governo é surpreendente. A entidade, cuja estimativa atual é de superávit de US$ 69 bilhões para 2021, deve fazer revisão de projeção em julho. “Para se chegar ao saldo estimado pelo governo o superávit médio mensal deverá ser US$ 11,5 bilhões, em princípio muito alto. Mas não podemos esquecer que petróleo e minério estão com preços muito elevados e eles continuam subindo.” Já na soja, avalia, não deve haver aumento de quantidade e o preço pode subir entre 30% e 35%.

Em junho, destaca Castro, o aumento de quantidades embarcadas também impulsionou mais as exportações. Além do avanço de 44% no preço médio dos embarques no mês, houve aumento da quantidade em 11,4%, em variação maior que a média de 7,8% do primeiro semestre, sempre na comparação interanual. Castro destaca que, com exceção da soja, houve elevação de quantidade nos principais itens da pauta de exportação de junho, com destaque para alta de 12,2% no minério de ferro e de 53,7% no petróleo, na comparação com igual mês do ano passado. Os preços desses produtos mantiveram alta, com avanço de 142,5% para o minério e de 101% no petróleo, na mesma comparação.

 

Com informações da Agência Brasil.

 

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