Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o setor será responsável por cerca 2,11% do PIB, impactado pelo petróleo, gás natural e minério de ferro.

A arrecadação brasileira com o setor extrativo mineral deve crescer mais de 100% até 2030 e alcançar alta acumulada superior a R$ 1 trilhão no período, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), que consideraram um cenário no qual o barril de petróleo brent seria comercializado a US$ 65.

O setor extrativo mineral será responsável por cerca 2,11% do Produto Interno Bruto brasileiro (PIB), reflexo do aumento da produção nacional de petróleo, mas impactada também por outras commodities, como gás natural e minério de ferro. Entre 2011 e 2020, o segmento respondeu por menos da metade disto, 0,92%, segundo o economista Bráulio Borges da FGV.

A projeção, realizada por ele, prevê ainda, que em um cenário mais otimista, a arrecadação chega até mesmo a triplicar.

Até início de julho, o custo do barril do petróleo esteve entre US$ 110 e US$ 120 (entre R$ 566,5 e R$ 618) no mercado internacional.

Atualmente, o Brasil é o nono maior produtor e exportador mundial de petróleo, com cerca de 2,9 milhões de barris equivalentes por dia. A maior parte da produção está concentrada na camada do pré-sal.

A pesquisa trabalha com dados da estatal Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE). O órgão federal aponta, em seu Plano Decenal de Energia (PDE) 2030 que, até o referido ano, a produção alcançará 5,2 milhões de barris de petróleo equivalente.

Um crescimento de 80%, que fará com que o país ganhe posições no ranking de maiores produtores e exportadores.

Borges aponta que a alta de arrecadação da indústria extrativa mineral, impulsionada por conta do aumento do preço do petróleo, no curto prazo, e com a expansão da produção e da tributação do óleo bruto a longo prazo, gera novas responsabilidades para os gestores públicos.

“A ideia do estudo é mapear a arrecadação, que parece estar fora do radar. Pelas projeções fiscais do Fundo Monetário Internacional (FMI), ninguém antecipa esse saldo. O primeiro passo é reconhecer essa receita extra.

Esse período é aquele no qual estimamos o pico da produção de petróleo. Depois dele, a tendência é de queda, seja por não ter novas reservas, seja por demanda”, avalia o pesquisador do FGV Ibre.

Neste cenário, a preocupação com a maneira como os recursos serão utilizados se torna ainda mais importante, uma vez que muitas projeções apontam que, em 2050, com os compromissos globais de descarbonização e transição energética, a demanda mundial por petróleo será de 30 milhões de barris de óleo equivalente por dia: um terço da atual.

No estudo, o economista indica três segmentos como prioritários para receber investimentos de recursos provenientes desta fonte: capital humano, com ênfase em saúde e educação, infraestrutura, para impactar o bem-estar e influenciar as mudanças de matriz energética, e a consolidação fiscal, com redução da dívida pública.

“O mundo ainda vai continuar demandando muito petróleo e o Brasil está muito bem posicionado, tanto para atender à demanda quanto para entrar em novos mercados, como o hidrogênio verde, que tem sido a coqueluche da discussão da transição. Principalmente no plano europeu. Se a gente for deixar essa receita ir entrando, sem planejar o uso, nós vamos desperdiçá-la”, alerta.

 

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