Parceria abrange o complexo Minas-Rio e os recursos da Vale da Serra da Serpentina, ambos em Minas Gerais.

As mineradoras Vale e Anglo American Brasil anunciaram acordo que envolve a aquisição, pela Vale, de 15% de participação acionária nos ativos de minério de ferro da empresa. A parceria abrange o complexo Minas-Rio, da Anglo American, e os recursos da Vale da Serra da Serpentina, pertencentes à mesma região, a 170 km de Belo Horizonte (MG).

Nos termos do acordo assinado entre as companhias, a Anglo American continuará a controlar, gerenciar e operar Minas-Rio, incluindo qualquer futura expansão.

Segundo as informações divulgadas, a transação prevê que a Vale contribuirá com recursos de minério de ferro de alto teor de Serpentina e desembolso complementar de caixa de US$ 157,5 milhões, sujeito à ajustes da dívida líquida e à variação do capital de giro, na data de fechamento.

Se a média do preço de referência do minério de ferro​ permanecer acima de US$ 100/t ou abaixo de US$ 80/t por quatro anos, um ajuste no valor de pagamento será realizado para a Anglo American ou Vale, respectivamente, em linha com uma fórmula acordada e dentro de certos limites.

Com previsão de conclusão para o último trimestre deste ano, a transação está sujeita às aprovações corporativas e regulatórias usuais.

Após a conclusão, a Vale receberá sua parcela proporcional da produção do Minas-Rio. Adicionalmente, a Vale também deterá uma opção de compra de uma participação adicional de 15% na operação ampliada de Minas-Rio, mediante desembolso de caixa, se e quando ocorrerem certos eventos relativos a uma futura expansão do Minas-Rio, incluindo o recebimento da licença ambiental​ necessária para a expansão seguindo a conclusão de estudo de pré-viabilidade e de estudo de viabilidade, a valor justo calculado no momento do exercício da opção.

O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, avalia que o complexo Minas-Rio vai se beneficiar da sinergia com o depósito de Serpentina e a logística da Vale, além do valor significativo para os stakeholders.

“Temos o prazer de formar uma parceria com a Anglo American para apoiar a demanda crescente por minério de ferro de alta qualidade à medida que nossos clientes aceleram suas transições para uma siderurgia com baixa emissão de carbono. Nós planejamos destinar nossa parcela do pellet feed de alta qualidade para nossas plantas de pelotas no Brasil e, no futuro, para os Mega Hubs, produzindo briquetes de minério de ferro”, afirmou.

Para o presidente global da Anglo American, Duncan Wanblad, a parceria é uma oportunidade de garantir um recurso de minério de ferro de alto teor de escala e qualidade, próximo ao Minas-Rio, especialmente com as sinergias físicas das infraestruturas de mineração e processamento e criar uma operação única otimizada, combinada com a opção de acesso à logística de porto e ferrovia da Vale.

“A escala e a qualidade do corpo mineral de Serpentina oferecem valor significativo, incluindo a possibilidade de expandir a produção de produtos de pellet feed de qualidade superior que vendemos aos clientes da siderurgia, uma vez que estes focam na descarbonização de seus próprios processos nas próximas décadas. O produto de teor de redução direta da Minas-Rio se posiciona em um dos segmentos de crescimento mais atrativos disponíveis atualmente em nosso setor”, explicou.

Ativos Minas-Rio e Serpentina

Minas-Rio é uma operação integrada de minério de ferro com capacidade nominal de produção de pellet feed de alta qualidade de 26,5 milhões de toneladas por ano (Mtpa) e com potencial de expansão para até 31 Mtpa na sua configuração atual.

A operação conta com estruturas de mina, usina, geotécnica e de suporte em Minas Gerais e mineroduto de 529 km conectando a usina às plantas de filtragem no Porto do Açu no Rio de Janeiro. O Minas-Rio produziu 24 milhões de toneladas de minério de ferro em 2023, com Ebitda total de US$ 1,4 bilhão.

O depósito da Serra da Serpentina é contínuo ao complexo Minas-Rio e possui recursos estimados em 4,3 bilhões de toneladas. A combinação dos dois recursos oferece consideráveis oportunidades de expansão, incluindo o potencial para duplicar a produção, que Anglo American e Vale avaliarão nos termos da transação.

A operação de Minas-Rio ampliada terá a opção de utilizar a linha férrea próxima da Vale e o porto de Tubarão para transportar a produção expandida como uma alternativa a construção de um segundo mineroduto para a atual instalação portuária da Anglo American no Açu. Todas as soluções logísticas viáveis serão consideradas e avaliadas durante a pré-viabilidade.

O mineroduto Minas-Rio existente cruza a rede ferroviária da Vale a jusante do Minas-Rio, permitindo que um segundo mineroduto muito mais curto se conecte com a ferrovia Vitória-Minas até o porto de Tubarão. A transação não inclui ou afeta a participação de 50% da Anglo American na unidade de exportação do minério de ferro no Porto do Açu.

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