Setores mineral e siderúrgico sofrem impactos com a greve

Carregamento de caminhões fora de estrada, na Mina da Conceição, em Itabira (MG). Foto: Janaina Duarte.

Paralisação dos caminhoneiros afetou o transporte de insumos da área siderúrgica, movimentação de cargas nos portos e deslocamento de minério para as ferrovias.

A greve dos caminhoneiros que chegou ao nono dia nesta terça-feira (29) começa a causar efeitos negativos nos setores de mineração e siderurgia. Uma das empresas que informou estar sofrendo impactos é a Gerdau. De acordo com nota divulgada pela empresa, o movimento começou a afetar as operações no Brasil.

Conforme informações da agência de notícias Reuters, a siderúrgica não esclareceu quais as consequências da paralisação nas unidades em específico, como a usina de Ouro Branco (MG).

“A companhia está tomando todas as medidas preventivas e mitigatórias possíveis com o intuito de minimizar os impactos decorrentes da atual conjuntura nacional”, afirmou a Gerdau.

A empresa ainda acrescentou que a greve afetou a produção e o transporte de insumos e produtos.

Laminador de bobinas a quente da Gerdau, em Ouro Branco (MG). Foto: Gerdau/ Divulgação.

Outras empresas do setor também reportaram que suas operações tiveram impactos por causa da greve. A CSN, por exemplo, enfrenta problemas para entregar produtos de sua usina em Volta Redonda (RJ) a clientes no país.

A greve também gerou uma queda nas exportações brasileiras de veículos de 10 mil a 20 mil unidades neste mês e comprometeu a meta do setor de exportações de 800 mil veículos este ano, como afirmou o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale.

Mineração

O setor de mineração também está sentindo os impactos da greve dos caminhoneiros. Embora algumas empresas neguem, o presidente do Sindicato das Indústrias Extrativas de Minas Gerais (Sindiextra), José Fernando Coura, afirmou que a situação já tem gerado prejuízos. Segundo ele, as indústrias de cal e de alumínio estão sofrendo impactos.

Ele explica que a mineração tem sentido menos pois parte da produção é escoada pela malha ferroviária, mas ainda assim não está isenta. “Mas o transporte rodoviário é necessário para levar o minério à ferrovia. Ou, no caso da siderurgia, para transportar da ferrovia ao alto-forno”, diz.

O presidente destaca que outros produtos também não estão sendo escoados como brita, cimento, areia, fertilizantes e ferro-gusa. “Os prejuízos são incalculáveis. É uma política errônea. Quem aguenta 53% de aumento de combustível nesse país?”, questiona.

A mineradora AngloGold Ashanti informou, por meio de nota, que foi realizada uma alteração no horário de trabalho dos funcionários das áreas administrativas e operacionais e está preocupada com a manutenção de insumos críticos às operações.

“Por conta da paralisação dos caminhoneiros no Brasil, a empresa mantém um comitê dedicado ao assunto para gerenciar a situação e minimizar os impactos nas pessoas e em suas operações. Há preocupação com a manutenção dos insumos críticos às operações, no entanto, até o momento, todos estão gerenciados” destacou a mineradora.

A Vale disse que ainda não registrou impactos diretos na sua produção, entretanto parte dos funcionários do setor administrativo foram liberados para trabalhar em casa devido a falta de combustíveis e a redução de horários no transporte público.

Porém, de acordo com a Reuters, o presidente da mineradora, Fabio Schvartsman, declarou que as consequências para a companhia podem se agravar, caso o movimento continue.

“Temos montado um gabinete de crise que está administrando, nem digo dia a dia, mas hora a hora, todos os movimentos necessários para tentar prolongar ao máximo nossa operação. Mas evidente que, se o movimento de greve continuar mais alguns dias, será inevitável que a produção seja reduzida como consequência da falta de diversos materiais que são necessários”, disse.

Portos

As movimentações nos portos também sofreram com a paralisação do transporte rodoviário. Conforme informou a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) o Porto de de Paranaguá, no Paraná, teve uma queda de 27% na movimentação diária, indo de 150 mil toneladas para 110 mil toneladas registradas no dia 24 de maio.

Porto de Paranaguá. Foto: Appa.

Depois de quatro dias de paralisação, os estoques de grãos para a exportação eram de 51%. Foi registrado uma queda de na exportação de granéis de 15 mil toneladas por dia, passando de 85 mil para 60 mil toneladas diárias.

Já a importação de fertilizantes foi interrompida em berços de atracação em que o transporte da carga é feito por caminhões. Apenas os berços que operam com esteiras continuam funcionando. Com isso, a movimentação de desembarque de fertilizantes caiu de 25 mil toneladas ao dia para 10 mil toneladas.

O Porto de Santos, no Estado de São Paulo apresenta uma redução no número de cargas que entram nos terminais, segundo informações do portal G1. Pelo menos 250 mil toneladas de carga em contêineres deixaram de ser movimentadas na primeira semana de greve do setor rodoviário, com prejuízo estimado em R$ 370 milhões.

Porto de Santos. Foto: Codesp.

Segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) o bloqueio que ocorria no porto devido à greve foi desfeito na última segunda-feira (28).

*Sob supervisão de Sara Lira