Andresa Rodrigues busca notícias do filho Bruno Rodrigues, na porta do IML em Belo Horizonte. O jovem era funcionário da Vale e está desaparecido. Ela cobra por justiça. Foto: Arquivo pessoal.

Rompimento da barragem completa dois meses no dia 25. Permanecem desaparecidas 105 pessoas.

Desde o dia 25 de janeiro a pedagoga Andresa Rodrigues aguarda por notícias do único filho, Bruno Rodrigues, de 26 anos, funcionário da Vale. Ele trabalhava na mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), onde a barragem de rejeitos se rompeu há quase dois meses, deixando um rastro de destruição e 206 mortos, até esta segunda-feira (18).

Bruno é um dos 102 desaparecidos cujas famílias aguardam, angustiadas, informações por parte dos órgãos públicos e da própria empresa. “Têm sido dias intermináveis de dor, angústia e revolta por saber que meu único filho foi assassinado junto com mais de 300 pessoas pela Vale. Uma barragem não se rompe do dia para a noite. Eles sabiam dos riscos e nada fizeram para impedir”, destaca Andresa, que também é professora das redes municipais de Betim e Mário Campos e vereadora desta cidade.

O jovem completaria 27 anos no próximo dia 30 de março. Havia se formado em engenharia de produção em agosto do ano passado e, após dois anos de estágio na companhia, foi efetivado no setor administrativo. Segundo Andresa, o jovem gostava do local e confiava na segurança que a mineradora dizia oferecer.

“Visitei a empresa em abril do ano passado e a maquiagem era perfeita. Fiquei lá por duas horas e em nenhum momento os ouvi falarem em barragem de rejeitos. Eu tinha medo, mas ele tinha confiança e saía de casa feliz por estar ali”, conta.

Ela e outros familiares de desaparecidos estiveram na porta do Instituto Médico Legal (IML), em Belo Horizonte, no dia 12 de março. Eles reivindicaram agilidade por parte do órgão na identificação dos corpos e segmentos corporais. Os parentes querem ter a oportunidade de, pelo menos, enterrarem os entes queridos. “Queremos agilidade e transparência nas informações”, salientou.

Resposta

Em nota, o IML afirmou que quando o segmento ou corpo é identificado, o óbito é confirmado e a família avisada para realização dos procedimentos de sepultamento. Até o dia 13 de março, havia 424 casos no Instituto Médico Legal (IML), entre corpos inteiros e segmentos. Destes, 201 foram identificados e 173 estão pendentes.

“É importante ressaltar que esse número de casos pendentes não reflete o número de óbitos, pois um ou mais segmentos pode pertencer a uma única pessoa”, informou o Instituto, por meio de nota.

Buscas

O Corpo de Bombeiros permanece com as buscas na região do rompimento. Eles utilizam equipamentos pesados e cães farejadores no auxílio ao resgate dos corpos. Em comunicado nesta segunda-feira (18), a corporação disse que a partir desta semana irá se reunir com os representantes de familiares dos desaparecidos para compartilhar informações sobre as buscas e esclarecer dúvidas.