Diretor-presidente do Ibram, Walter Batista Alvarenga assume instituição, que completa 40 anos. Em sua gestão, ele promete reforçar discussões importantes e acredita que 2017 será um bom ano para o setor.
No ano em que o setor minerário carrega boas promessas de retomada, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) tem mais um motivo para comemorar: as quatro décadas de fundação, a serem celebradas em uma série de eventos ao longo do ano. O órgão é o principal representante da indústria de mineração brasileira, atuando como porta-voz no país e no mundo, além de intermediar discussões com o poder público.
Em entrevista à revista Mineração & Sustentabilidade, o novo diretor-presidente do Ibram, Walter Batista Alvarenga, destaca que a instituição tem feito um trabalho histórico para o setor mineral do país. “Quatro décadas se passaram, e, em cada uma, o Ibram deixou suas marcas, consolidou-se como a voz do setor mineral empresarial e tem liderado movimentos que buscam resguardar a continuidade da segurança para os negócios”, pontua.
Em sua gestão, Alvarenga pretende focar projetos de alta relevância, como a discussão do novo Código de Mineração, atualmente paralisada no Congresso, e defender a transformação do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em agência reguladora. Propor medidas para que o governo promova a desburocratização da legislação ambiental, de modo a agilizar a liberação de empreendimentos, também é um dos assuntos em pauta.
Mineração & Sustentabilidade: Qual sua expectativa ao assumir uma entidade tão importante para a mineração brasileira?
Walter Batista Alvarenga: No Brasil, com todas as adversidades que se impõem no caminho dos empreendedores – inclusive para os do nosso setor –, somente uma representatividade setorial fortalecida e preocupada com os interesses do país encontra condições de prosperar, com o apoio dos agentes políticos e econômicos. Temos, portanto, um horizonte bastante promissor à frente; muito mais décadas para crescermos e nos desenvolvermos – mas sempre unidos, preferencialmente, em torno deste instituto, que tão bem representa a mineração brasileira, aproxima-a das inovações, abre-lhe oportunidades de negócio e defende suas atividades com ética e transparência, sempre tendo como paradigmas a saúde e a segurança dos que nela trabalham, bem como o desenvolvimento sustentável.
M&S No aniversário de 40 anos do Ibram, que balanço o senhor faz sobre o trabalho desenvolvido pelo instituto nesse tempo?
WBA As consequências desses 40 anos de gestão convergem para a expansão da produção mineral, dos negócios, da empregabilidade e da presença cada vez mais essencial dos minérios no cotidiano da sociedade. O Ibram surgiu em um período de liberdades restritas e de turbulência política, porém com grandes oportunidades para os que decidiram pela mineração. Isso porque o mundo demandava ferro, cobre, chumbo, zinco e níquel para alimentar suas indústrias, em franca expansão. Quatro décadas se passaram, e, em cada uma, o Ibram deixou suas marcas, consolidou-se como a voz do setor mineral empresarial e tem liderado movimentos que buscam resguardar a continuidade da segurança para os negócios.
M&S Quais atividades estão programadas neste ano para comemorar o aniversário do instituto?
WBA São várias atividades e que serão divulgadas paulatinamente. Para o mês de março, está previsto o lançamento do Portal da Mineração na internet. Em abril, serão lançados os Guias de Barragens, produzidos pela Mining Association of Canada (MAC), do Canadá, e pelo Ibram, em um evento em Belo Horizonte.
M&S Como o Ibram tem representado a mineração brasileira no mercado mundial?
WBA O Ibram promove uma série de eventos com palestrantes e participantes de diversas partes do mundo. Entre os principais estão Exposibram, Exposibram Amazônia, Congresso Internacional de Direito Minerário, Congresso Brasileiro de Mina a Céu Aberto e Congresso Brasileiro de Mina Subterrânea. Em 2016, tivemos também a oportunidade de promover o World Mining Congress, um dos maiores e mais importantes eventos de mineração mundial. Essa é, sem dúvida, uma excelente oportunidade de trocarmos experiências e divulgarmos mundialmente nosso setor. Também participamos de uma série de eventos internacionais, o que é fundamental para demonstrarmos ao mundo a força da mineração brasileira. Entre os mais importantes estão o Prospectors & Developers Association of Canada (PDAC), promovido anualmente em Toronto, no Canadá. O Ibram integra as organizações internacionais ligadas ao Organismo Latino-Americano de Mineração (Olami) e à Sociedade Interamericana de Mineração (SIM), fóruns em que defende os interesses da indústria nacional.
M&S Como o senhor avalia o cenário atual da mineração no Brasil e no mundo? Acredita que o pior momento da crise já passou ou os empreendedores ainda irão enfrentar muitas adversidades?
WBA A indústria da mineração seguiu seu curso nos últimos anos e teve que se
adaptar à conjuntura nacional e internacional. Mesmo assim, ampliou a produção em minérios importantes, que contribuem positivamente para o saldo comercial brasileiro. Começamos 2017 com as esperanças renovadas para investir em inovação e multiplicar os negócios e, por conseguinte, as contribuições da mineração para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. As adversidades sempre existirão, e superá-las é o compromisso do bom empreendedor. No ca- so da mineração, o Ibram estará a postos para auxiliar as companhias associadas.
M&S Quais projetos desenvolvidos atualmente o senhor citaria como importantes para alavancar a indústria minerária nos próximos anos?
WBA O S11D, da Vale; o Minas-Rio, da Anglo American, a Mina de Cuiabá, da Anglogold Ashanti, entre outros.
M&S Quais pautas urgentes estão em sua lista de ações?
WBA São muitas. Destacaria, entre tantas, as seguintes: discutir com os agentes públicos que irão elaborar a proposta do governo sobre a Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais (CFEM); apresentar sugestões de alterações pontuais à proposta, em gestação no governo, do novo Código de Mineração; defender a transformação do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em agência reguladora; propor medidas para que o governo promova a desburocratização da legislação ambiental, de modo a agilizar a liberação de empreendimentos; tratar da reforma trabalhista e da terceirização.
M&S Como está a atuação do Ibram em relação ao acompanhamento e à aprovação do novo marco regulatório?
WBA O governo federal adotou uma atitude digna de elogios ao abrir as portas para receber sugestões técnicas do Ibram em nome do setor mineral. É uma postura ética e democrática, um avanço nas relações institucionais entre as partes. Afinal, como estruturar uma política setorial sem levar em conta a opinião de quem atua nessa área? Por isso, estamos trabalhando fortemente para que nossos pontos de vista sejam considerados, em sintonia total com as companhias mineradoras.
WALTER BATISTA ALVARENGA – Perfil
É formado em economia e pós-graduado em planejamento do setor público. Ocupou cargos no governo federal e passou a ter relacionamento direto com o setor mineral a partir de 2004, quando começou a atuar na área de relações institucionais do Ibram. Com o passar dos anos, foi promovido a diretor e, em 2017, empossado pelo conselho diretor como diretor-presidente.