Primeira mina de diamantes da América do Sul utiliza desaguamento para promover redução de custos e eliminar barragens.
A mina Braúna passa a implementar tecnologia no desaguamento dos rejeitos finos para disposição em pilha. O sistema serve como meio de substituição às tradicionais barragens de rejeito. A mina é da empresa Lipari Mineração e está localizada em Nordestina, na Bahia. Segundo a mineradora, a Braúna é a primeira mina de diamantes do país a implantar o processo.
A tecnologia utiliza espessador, equipamento que separa líquidos de sólidos, e centrífuga no beneficiamento do minério e é capaz de reaproveitar mais de 95% da água de processo. A centrífuga promove o desaguamento do “underflow” (lama) do espessador, o que aumenta a recuperação da água e reduz o consumo.
Segundo a empresa, o material desaguado, constituído exclusivamente de minerais finos com umidade entre 30 e 35%, é agregado ao rejeito mais grosso e então transportado por correia até o silo, onde é feito o carregamento em caminhões com destino à pilha de disposição situada próxima à cava da mina.
“Investimos nesta tecnologia porque é benéfica ao meio ambiente e respeita as características da região onde o empreendimento está inserido. Importamos um equipamento da Alemanha que nos permite recuperar mais de 95% da água usada no processamento do minério kimberlítico, reduzindo consideravelmente a captação de água necessária à operação”, afirma o presidente da Lipari Mineração, Ken Johnson.
De acordo com o presidente da mineradora, o processo de beneficiamento do minério não utiliza produtos químicos e o material seco gerado pela centrífuga é inerte e não nocivo à saúde ou ao meio ambiente.
“Via de regra, o underflow gerado pelo espessador é direcionado às barragens. O tratamento desse material na centrífuga proporciona alto desempenho na recuperação de água, além de permitir o armazenamento da fração sólida em pilha, por apresentar baixa umidade. Essa tecnologia é revolucionária no tratamento de rejeitos de mineração e muito mais amigável ao meio ambiente em relação às tradicionais barragens de rejeitos”, explica o executivo.
A mineradora afirma que o consumo médio de água na planta de beneficiamento é da ordem de 669 m³/h. Desse total, 660,5 m³/h são direcionados para o espessador (primeira etapa), enquanto 8,5 m³/h são perdidos na fração grossa do rejeito devido ao tratamento a úmido. A centrífuga, por sua vez, recebe 45 m³/h de água, parte contida no underflow do espessador e parte na preparação para sua operação.
O rejeito fino mantém cerca de 30% de umidade, o correspondente à uma taxa de 6,4 m³/h de água junto ao sólido, devolvendo ao espessador 38,6 m³/h de água. O reservatório de água recebe e devolve para a operação da planta 654 m³/h, o equivalente a cerca de 98% de recuperação de água no processo.
De acordo com o vice-presidente e diretor de operação da Lipari Mineração, Fernando Aguiar, a centrífuga opera juntamente com uma estação de polímeros para garantir essa performance quanto a qualidade da água a ser processada. “Toda água do desaguamento promovido pela centrífuga é destinada ao processo, com excelente nível de clarificação”, explica.