Para pagar dívidas com a China, país busca exportar apenas produtos já refinados e com maior valor.

Segundo informações da agência Bloomberg, o governo da República Democrática do Congo (RDC) pediu as empresas chinesas Sinohydro e Railway Construction, para deixar de exportar cobre e cobalto não processados e refinar todos os seus metais dentro do país. As duas empresas constituem o consórcio sino-congolês Sicomines.

No pedido, a Sicomines deve enviar “apenas produtos de alto valor” para a China. Segundo o ministro de Minas da RDC, Martin Kabwelulu, a intenção com a decisão é garantir o reembolso de um acordo de US$ 6 bilhões, no qual a RDC negocia minerais em troca de infraestrutura com a China.

Atualmente, o lucro da Sicomines está pagando gradualmente empréstimos que a China fornece ao Congo, porém esse valor pode ser pago mais rapidamente caso as exportações tenham valor mais alto, proveniente de metais já refinados, com maior valor agregado.
Martin Kabwelulu escreveu ao diretor-geral da Sicomines, Sun Ruiwen, dizendo que reprova o tipo de produtos minerais que o consórcio está exportando. O ministério afirma que a maior parte dos produtos exportados pela Sicomines são concentrado de cobre, hidróxido de cobalto, cátodos de cobre e cobalto – todos são vendidos antes de serem refinados.

As autoridades locais de mineração foram instruídas a “não autorizar mais a exportação de produtos minerais que não sejam cobre e cobalto já processados”, disse Kabwelulu em sua carta. Segundo o texto, dos 112 caminhões que transportavam os metais para exportação no final de setembro, apenas 44 tiveram permissão para prosseguir, porque já estavam na fronteira do país.

O vice-diretor geral da Sicomines, Jean Nzeng, disse que a empresa respondeu à carta do ministro. “Estamos em contato com o ministério para desbloquear a situação. Não há grandes problemas”, comentou.

Recorrente

A RDC ordenou a proibição da exportação de concentrado de cobre e cobalto também em 2013, mas deixou de colocar a ordem em prática em várias ocasiões porque o país não produzia energia suficiente para processar os produtos no mercado interno.

Segundo o governo da RDC, a maioria dos produtores minerais que não fazem parte da Sicomines, como a Glencore e a China Molybdenum, já processam seu cobre dentro do território congolês.