Projeto é fruto de consórcio entre países da Europa que querem retomar mineração no continente.

Nove países da Europa fizeram um consórcio para desenvolver um novo equipamento para extração mineral que dispensa explosões e reduz as chances de contaminação da água. O projeto, denominado “¡VAMOS!”(Viable Alternative Mine Operating), do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), foi iniciado em 2015 e tem um investimento total de 12,6 milhões de euros, dos quais 9,2 milhões são financiados pela Comissão Europeia.

“Este novo método traz vantagens ambientais muito grandes porque deixamos de ter explosões e perturbações nas redondezas das minas, não precisamos de caminhões para transportar o minério para a superfície e evitamos a contaminação do nível freático”, informou ao Diário de Notícias de Portugal, o responsável pelo projeto, Eduardo Silva. Entre os países que fazem parte do ¡VAMOS! estão Alemanha, Áustria, Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Eslovênia, Espanha, Holanda, Portugal e Reino Unido.

De acordo com Silva, o protótipo em desenvolvimento é uma máquina de mineração de supervisão remota, composta por uma ferramenta que vai partindo a rocha que, por sua vez, é aspirada até à superfície, onde está um sistema que dá apoio à mineração. Ele ainda completa que, no processo tradicional de extração é necessária a retirada da água, acarretando em danos ambientais. Com o equipamento, este problema seria solucionado pois a máquina exclui o uso da água.

O primeiro teste  foi realizado no poço de Lee Moor, no Reino Unido (foto acima), no final de outubro. “Estamos muito satisfeitos com os resultados positivos desta primeira fase de testes”, destacou o coordenador técnico do projeto, Stef Kapusniak. Outros pontos a destacar são “o aumento da capacidade de diferenciação dos minerais”, “o processamento de dados quase em tempo real”, o fornecimento de “boas imagens aos pilotos” e o “bom funcionamento dos sistemas de controlo integrado”, acrescenta o responsável pelo projeto no Reino Unido.

Já Eduardo Silva afirmou estar “muito contente” com os resultados alcançados até esta fase do projeto, garantindo que esta nova forma de minerar vai contribuir para a recuperação da indústria mineral europeia.

“Numa primeira fase, o projeto permitirá considerar a volta da atividade numa parte substancial de minas abandonadas nos últimos anos e, numa segunda, contribuindo com tecnologia para a mineração do mar profundo”, disse.

O protótipo está sendo desmontado no Reino Unido para transporte até ao próximo local de demonstração, onde serão realizadas experiências em minas com condições distintas.

Retomada mineral

Segundo Eduardo Silva, cerca de 96% das matérias-primas usadas no território europeu são importadas de países como China, índia e Austrália, e nações africanas ou da América Latina. “Se de um momento para o outro estas ligações e alianças desaparecessem, a Europa ia estar muito mal, porque não ia ter matéria-prima para alimentar a sua indústria”, destacou.

Ele ainda contou que o continente possui aproximadamente 30 mil minas abandonadas, das quais cerca de duas mil são a céu de aberto, por isso, há alguns anos as nações europeias decidiram voltar a analisar a hipótese de investir em extração mineral.