Tecnologia foi aplicada em cidades do Alagoas com um custo menor e tem apresentado resultados positivos.
Comunidades de Alagoas estão sendo beneficiadas com uma nova tecnologia sustentável de construção. Trata-se do aproveitamento das cinzas sucroenergéticas, vindas da queima da biomassa sucroenergética na geração de bioeletricidade nas usinas. O material tem sido usado como substituição ao cimento para fabricar tijolos mais resistentes, ecológicos e baratos.
De acordo com informações divulgadas pela União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), a tecnologia foi experimentada no município alagoano de Pariconha, onde já surtiu resultados positivos. Desde setembro de 2017, cerca de 50 moradores vêm trocando suas casas de taipa por moradias de alvenaria erguidas com o isso das cinzas sucroenergéticas fornecidas por uma usina na região.
A cidade de Palmeira dos Índios deve ser a próxima a receber a iniciativa. De acordo com as estudantes de engenharia civil Samantha Mendonça e Taísa Tenório, que desenvolveram o projeto, o orçamento para erguer cada nova casa é de R$ 7.500, metade do valor de uma obra tradicional.
A pesquisa das estudantes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) durou quatro anos, até que conseguissem chegar ao novo tijolo. O projeto foi premiado em 2017 na categoria Science, da Genius Olympiad, ocorrida nos Estados Unidos.
Areia
De acordo com o consultor em Emissões e Tecnologia da Unica, Alfred Szwarc, o bagaço de cana possui várias funcionalidades como produção de bioeletricidade, biocombustíveis e até de papel biodegradável.
Agora, o produto poderá ganhar escala na construção civil, com o uso da chamada Areia de Cinza do Bagaço de Cana (ACBC), tecnologia que teve entre os seus principais desenvolvedores a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo.
“As cinzas resultantes destes processos produtivos, que normalmente é usada como fertilizante nas lavouras, podem encontrar um nicho de mercado como substituto dos principais materiais utilizados no concreto, como a areia, que na maioria das vezes é retirada de rios, além de pedra britada”, observa o executivo.
Segundo a Unica, testes realizados pela UFSCar indicaram que a substituição da areia natural pela ACBC em até 30% leva a manutenção das propriedades mecânicas, preenchimento dos microporos e aumento da durabilidade de concretos e argamassas.