Proposta é garantir o fornecimento da matéria-prima utilizada nas baterias do iPhone e do iPad.

Uma das empresas de eletrônicos mais famosas do mundo planeja comprar cobalto diretamente de mineradores. De acordo com informações divulgadas pela agência de notícias Bloomberg, o objetivo da companhia é ter o mineral em quantidade suficiente para a fabricação de baterias, devido aos temores de escassez da indústria, impulsionada pelo boom dos carros elétricos.

A fabricante do iPhone é uma das maiores usuárias finais de cobalto do mundo e, até o momento, havia deixado a compra de metal sob a responsabilidade das empresas que fabricam suas baterias.

No entanto, a companhia quer garantir os suprimentos de cobalto para as baterias de iPhone e iPad. De acordo com a Bloomberg, cerca de um quarto da produção global de cobalto é utilizado em smartphones. A proposta da Apple é buscar contratos que garantam milhares de toneladas de cobalto para os próximos cinco anos, ou mais.

Concorrência

A principal mudança para o mercado diz respeito a Apple passar a ser concorrente de fabricantes de automóveis e produtores de baterias, como BMW AG, Volkswagen AG e Samsung SDI Co. Essas companhias estão na corrida para assinar contratos de longo prazo de compra de cobalto, com a intenção de garantir o suprimento do metal para atingir os alvos ambiciosos de produção de veículos elétricos.

A Australian Mines, que opera a mina Sconi, em Queensland, fechou um acordo de fornecimento de cobalto e níquel para a SK Innovation Co., o principal refinador de petróleo da Coreia do Sul. A SK planeja usar as matérias-primas em uma fábrica de baterias na Hungria e concordou em comprar toda a produção prevista do projeto nos próximos 13 anos.

O cobalto é um ingrediente essencial nas baterias de íons de lítio para smartphones. Enquanto esses dispositivos usam cerca de oito gramas de cobalto refinado, a bateria de um carro elétrico requer mil vezes mais.

O preço do cobalto mais do que triplicou nos últimos 18 meses, para acima de US$ 80 mil por tonelada métrica. Dois terços dos suprimentos provêm da República Democrática do Congo, onde nunca houve uma transição pacífica de poder e o trabalho infantil ainda é usado em partes do setor de mineração.

Nos últimos anos, a Apple intensificou seu engajamento com fornecedores de cobalto depois que a origem do metal em sua cadeia de abastecimento foi examinada por grupos de direitos humanos. Em um relatório no início de 2016, a Amnesty International alegou que os fornecedores chineses da Apple e da Samsung Electronics Co. estavam comprando cobalto de minas que dependiam do trabalho infantil.

No ano passado, a Apple publicou uma lista das empresas que fornecem o cobalto utilizado nas suas baterias pela primeira vez e disse que não permitiria que o cobalto provenha de minas de pequena escala no Congo na sua cadeia de abastecimento, até que ele pudesse verificar que as “proteções apropriadas” estavam no lugar.

Com informações da Bloomberg.