Mercado reage a sobretaxa sobre aço e alumínio nos EUA

Nesta semana, Trump anunciou novas tarifas para importação desses materiais. Governo brasileiro também manifestou preocupação.

O anúncio do presidente Donald Trump, de impor tarifas à importação de aço e alumínio nos Estados Unidos, provocou reações no mercado internacional. Enquanto o ministro da Indústria na Austrália afirmou que a decisão pode custar empregos, a China já prevê danos ao comércio, caso outros países queiram seguir o exemplo. Governo brasileiro também se manifestou.

A proposta é de que as taxas sobre o aço sejam de 25% e de 10% sobre o alumínio. A medida deve ser formalizada na semana que vem.

Algumas nações falam em “guerra comercial”, que poderia afetar o mercado asiático, atingindo os preços das ações de siderúrgicas e fabricantes fornecedoras para o país norte-americano.

“A imposição de uma tarifa como esta não fará nada além de distorcer o comércio e, finalmente, acreditamos, levará a uma perda de empregos”, afirmou o ministro australiano do Comércio, Steven Ciobo, a jornalistas em Sydney. Segundo ele, a Austrália buscou uma isenção para suas exportações de aço e alumínio para os Estados Unidos.

Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, pediu moderação ao presidente norte-americano. “A China pede que os Estados Unidos mostrem moderação no uso de medidas comerciais protetoras, respeitem as regras comerciais multilaterais e contribuam positivamente para o comércio internacional”, disse a porta-voz chinesa à Reuters.

A Comissão Europeia informou que, mesmo com a sobretaxa de importação imposta pelo governo norte-americano, manterá, ainda mais como prioridade, a defesa dos próprios interesses comerciais.

“As medidas que estamos preparados para tomar provarão que nós, com base nas regras, não hesitamos em proteger nossa indústria”, disse o porta-voz do grupo.

Brasil

Em nota divulgada nesta sexta-feira (2), o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) divulgou nota manifestando preocupação sobre as novas tarifas a serem adotadas pelos EUA.

O ministro Marcos Jorge se reuniu na terça (27/2) com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, destacando que o aço brasileiro não apresenta ameaça à segurança nacional norte-americana e que as estruturas produtivas siderúrgicas de ambos os países são complementares, uma vez que cerca de 80% das exportações brasileiras de aço são de produtos semiacabados, importante insumo para a indústria siderúrgica norte-americana.

Segundo o comunicado, o governo espera trabalhar em conjunto com os EUA para evitar a aplicação da sobretaxa, “o que traria prejuízos significativos aos produtores e consumidores de ambos os países”.

“O governo brasileiro não descarta eventuais ações complementares, no âmbito multilateral e bilateral, para preservar seus interesses no caso concreto”, destacou o MDIC no texto.

“Guerras comerciais são boas, e fáceis de ganhar”

Essa foi a frase postada pelo presidente Donald Trump no twitter na manhã desta sexta-feira (2), a respeito do temor no mercado com relação às novas taxas. “Quando um país (EUA) está perdendo vários bilhões de dólares em comércio com praticamente todos os países com que faz negócios, guerras comerciais são boas, e fáceis de ganhar”, disse, na íntegra.

Para ele, a sobretaxa irá proteger os empregos nos Estados Unidos. No entanto, economistas acreditam que a medida vai impactar negativamente na geração de empregos.

Os temores de uma guerra comercial global impactaram os mercados na bolsa de Wall Street e também na Ásia e na Europa, afetando ações de siderúrgicas que fornecem para o país norte-americano.

No Brasil, o Ibovesta operava em queda nesta sexta, impactada também pelo anúncio de Trump. Às 13h09, o índice caía 1,39%, a 84.189 pontos.

 

Com informações da Reuters e do MDIC.