Resultados de auditoria interna contestam dados do Instituto Evandro Chagas. Análise preliminar foi apresentada nesta segunda-feira (9).

Em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (9), a Norsk Hydro apontou que não houve transbordo dos depósitos de rejeitos, após as fortes chuvas dos dias 16 e 17 de fevereiro. O laudo foi elaborado por uma força-tarefa interna e pela consultoria ambiental SGW Services.

“Durante o trabalho inspecionamos a refinaria e toda a área ao redor e não constatamos evidência de transbordamento. Toda a capacidade de retenção de água foi suportada pela bacia”, informou a representante da consultoria SGW, Andrea Aluani.

Segundo a empresa, fatores elétricos, como o raio que caiu durante as chuvas, afetaram o funcionamento do sistema de bombeamento na estação de tratamento de água, tornando sua capacidade reduzida. A área permaneceu inundada por seis dias, mas dentro das áreas de contenção.

Como as bombas não tinham capacidade de vazão suficiente, um vazamento surgiu em uma tubulação de concreto que não era mais utilizada pela Alunorte, de materiais que não eram tóxicos ao meio ambiente. Já nos Depósitos de Resíduos 1 e 2, não foi constatado nenhum tipo de transbordo.

A refinaria está com as operações reduzidas em 50%, por determinação da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade desde o dia 27 de fevereiro, por descumprimento do prazo de 48 horas, dado pelo governo do Estado, para que a empresa reduzisse os níveis das bacias de resíduos em pelo menos um metro.

O relatório também contestou os dados divulgados pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), primeiro a constatar vazamento de materiais tóxicos na mesma semana do incidente. De acordo com Andrea Aluani, o órgão não possui acreditação pelo Inmetro para realizar análises de contaminação do solo.

“Fizemos uma análise crítica pois discordamos em virtude de uma série de erros e controle de qualidade nos dados. O único elemento que identificamos no solo foi o alumínio, mas em concentrações que não fogem da normalidade para o solo da região”, afirmou.

Em nota, o IEC informou que todas as análises são realizadas com rigor “com rigor científico, seguindo protocolos que atendem aos padrões de qualidade estabelecidos internacionalmente para cada tipo de análise, além de contarem com alto nível de precisão e confiabilidade”.

“Sobre a crítica ao relatório do IEC encomendada pela empresa Hydro Alunorte, o Instituto informa que os Relatórios Técnicos (RT’s) divulgados pelo IEC buscam sintetizar os resultados encontrados na análise das amostras. No entanto, esses documentos não contêm à exaustão todas as informações que se encontram nos Relatórios de Análises (RA’s) gerados para cada amostra. Nos RT’s são apresentados apenas dados essenciais para garantir a qualidade dos resultados: 1) citação dos métodos utilizados; 2) citação dos nossos controles de qualidade, a partir de amostras certificadas internacionais; 3) limites de quantificação. Os Relatórios de Análises são enviados na íntegra para os demandantes do trabalho, no caso, MP-PA e MPF”, disse.

Quanto à certificação exigida pelo Inmetro, o Instituto esclareceu que buscou as acreditações necessárias em 201t. Desde então, quatro já foram certificados e em 2018, eles aguardam por mais um.

Medidas futuras

Em função do incidente, o vice-presidente de Bauxita e Alumínio em exercício da Hydro, Eivind Kallevik, anunciou o investimento de R$ 200 milhões no sistema de tratamento de água da refinaria, aumentando a capacidade em 50% e a capacidade de armazenamento em 150%.

Outras medidas vão proporcionar melhorias internas a curto prazo dos sistemas de gestão de recursos hídricos e capacidade de manutenção de sistemas e dos planos de emergência e treinamento.

A empresa também planeja desenvolver um conceito sustentável de fechamento para o DRS1 e uma avaliação ambiental a ser feita por empresa especializada, para avaliar a qualidade do ar, da água, nascentes, solo e floresta. Também estão previstos estudos toxicológicos para avaliar as condições de saúde das pessoas nas comunidades próximas da Alunorte.

Outro investimento é de R$ 100 milhões ao longo dos próximos de anos, em ações sociais nas comunidades do entorno por meio da iniciativa Barcarena Sustentável.