Tecnologia será instalada na usina de Tubarão (ES), a um investimento de aproximadamente R$ 50 milhões.

A ArcelorMittal Tubarão, no Espírito Santo, lançou um projeto de dessalinização da água do mar com o objetivo de reaproveitar esse recurso nas operações da planta. De acordo com informações divulgadas pela empresa na semana passada, o projeto irá abarcar um investimento aproximado de R$ 50 milhões e começará a ser construído ainda em 2019, com prazo de conclusão de dois anos.

A tecnologia irá produzir até 500 metros cúbicos (m3) por hora de água industrial para o sistema de água da ArcelorMittal Tubarão, sendo uma alternativa ao consumo de água doce do Rio Santa Maria da Vitória. A água fornecida pela Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan) corresponde a 3,5% de toda a água consumida pela empresa e parte dela é tratada, transformada em potável, destinada para o consumo humano. Destes, 97,8% são recirculados em seus processos. No total, 96,5% são provenientes da água do mar.

“O projeto tem como objetivos principais aumentar a segurança hídrica e garantir a estabilidade operacional das nossas operações, colocando a ArcelorMittal Tubarão na vanguarda da Gestão Hídrica, através de uma adequada estratégia de adaptação futura às mudanças do clima”, explica o vice-presidente de Operações, Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira.

A obra para instalação da tecnologia irá contemplar sistemas de: captação e bombeamento de água do mar, pré-tratamento com filtração, dessalinização por osmose reversa e armazenagem, e distribuição da água produzida (água dessalinizada). A planta será instalada próxima às Centrais Termelétricas da unidade e ocupará aproximadamente 6.000 m², o que representará a maior planta de dessalinização do país. Sua capacidade inicial será de 500 m³/hora (12.000 m³/dia), podendo ser expandida futuramente.

Funcionamento

As análises para implantação da tecnologia vinham sendo feitas pela ArcelorMittal Tubarão há cerca de dois anos, com a participação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da ArcelorMittal, e com o envolvimento de pesquisadores do Brasil e da Espanha (Astúrias).

De acordo com o vice-presidente de Operações da companhia, o projeto é pioneiro e diferenciado. “O processo não gerará impactos ambientais significativos. Ele consiste na captação da água do mar e na sua transformação em água industrial por meio do processo de osmose reversa, tecnologia essa já consagrada e aplicada em países como Israel, Espanha, Austrália, Argentina e Estados Unidos”, explica.
A devolução da salmoura (líquido com maior concentração de sais que sobra da separação) para o mar será feita por meio do canal de retorno de água do mar de resfriamento de equipamentos já existentes na usina (condensadores das centrais termelétricas).

O processo de licenciamento ambiental para a obra já foi iniciado junto ao Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), estando atualmente em fase de elaboração do termo de referência (TR) e do plano de controle ambiental (PCA).

Durante a execução da obra serão gerados 220 postos de trabalho. Já a operação e a manutenção serão feitas por oiro empregados próprios. Outro destaque é que a energia elétrica a ser consumida no processo de dessalinização, aproximadamente 3 MW, será produzida pela própria ArcelorMittal, planta autossuficiente, representando menos de 1% da geração total de energia.