Ações sustentáveis e transparência das empresas influenciam as reações do mercado financeiro.

Os últimos manifestos de investidores internacionais, responsáveis por movimentações da ordem de R$ 20 trilhões, somados ao de mais de 50 CEOS de grandes empresas no Brasil contra o aumento do desmatamento da Amazônia e cobrando ao Governo a retomada sustentável da economia pós-pandemia mostram a força da questão da sustentabilidade nos negócios e como ela se tornou um ativo financeiro para as empresas. Não é de hoje que esse alarme toca, mas desta vez a crise nas áreas da saúde, com a pandemia, e da preservação ambiental, com o avanço do desmatamento da Amazônia, aumentam a pressão para que a rentabilidade não seja afetada no longo prazo.

Anunciar o destino de seus investimentos tem sido uma importante atitude das empresas, essencial para estimular o mercado financeiro e, consequentemente, os investidores, que sempre avaliam duas variáveis: risco e retorno. Para o presidente do Conselho Técnico-Consultivo do CDP América Latina (Escritório regional do CDP Global, organização internacional sem fins lucrativos que mede o impacto ambiental de empresas e governos de todo o mundo) e professor de Finanças e Sustentabilidade do Coppead/UFRJ, Celso Funcia Lemme, as organizações que adotarem modelos de negócios que integrem os aspectos ambientais, sociais e financeiros estarão mais bem preparadas para disputar a liderança de seus setores no futuro. “Quanto mais engajadas com as questões de sustentabilidade, mais as empresas serão vistas como eficientes, ficarão bem posicionadas no mercado e terão um retorno financeiro de longo prazo”, afirma ele.

De acordo com Lemme, as questões de sustentabilidade envolvem desde aspectos éticos até marcos regulatórios, incluindo acordos internacionais. As práticas sustentáveis, até por conta das iniciativas do mercado financeiro, passaram a gerar indicadores para decisões. As empresas precisam criar programas de sustentabilidade com diretrizes de longo prazo e que englobem todos os seus negócios, incluindo cadeia de suprimentos e ciclo de vida dos produtos, para que tenham o menor impacto ambiental possível. “Os resultados devem ser amplamente divulgados, inclusive através de relatórios corporativos anuais. Tanto para criar planos estratégicos robustos quanto para produzir esses relatórios, as empresas devem seguir padrões internacionais, como os da GRI”, explica o professor, que também é o coordenador do treinamento oferecido pelo Coppead para profissionais elaborarem esses relatórios.

As recentes manifestações dos investidores reforçam os desafios que as empresas têm pela frente ao relatar suas políticas e práticas voltadas para a sustentabilidade, sobretudo neste momento em que a pandemia pode mudar a forma de conduzir os negócios. “Há projetos que preservam o meio ambiente e criam alternativas sustentáveis de geração de renda e emprego, abrindo espaço para as empresas voltadas para inovação”, alerta Lemme, concluindo que é preciso contar com profissionais motivados e qualificados para enfrentar esse desafio.

 

Por Assessoria de Comunicação Coppead/UFRJ.