Para o presidente do Inda, Carlos Loureiro, a antecipação de feriados e outras medidas de isolamento para frear o avanço da Covid-19 vão ajudar a aliviar o setor no curto prazo.

O Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) divulgou, nessa terça-feira (23/03), que as vendas de aços planos no Brasil em fevereiro recuaram 3,8% ante janeiro. Mas, subiram 9,8% na comparação com um ano antes, para 312,3 mil toneladas.

Já as compras dos distribuidores recuaram 4,2% perante a janeiro e subiram 5,1% sobre o mesmo mês do ano passado, para 321,9 mil toneladas. Com isso, o estoque dos distribuidores de aços planos em fevereiro subiu 1,4% sobre janeiro, atingindo 696,5 mil toneladas, suficiente para 2,2 meses de comercialização, nível abaixo do considerado normal pelo setor, de 2,5 meses.

De acordo com o presidente do Inda, Carlos Loureiro, a antecipação de feriados e outras medidas de isolamento para frear o avanço da Covid-19, como as que ocorrem na região metropolitana de São Paulo, vão ajudar a aliviar o setor no curto prazo. “Um aspecto positivo para dar fôlego às usinas, uma vez que elas não diminuíram a produção… As importações também não pararam”, disse em entrevista a jornalistas.

“A manutenção das usinas e importações e a queda do consumo em março e abril podem ajudar a trazer mais tranquilidade para a equação de oferta e demanda”, afirmou o presidente do Inda. “Provavelmente essa normalização dos estoques, que estávamos imaginando para maio e junho, pode ser que aconteça no fim de abril”, acrescentou.

Preços

Para Loureiro, as montadoras de veículos que seguem negociando contratos anuais de fornecimento de aço com as siderúrgicas provavelmente vão aceitar reajuste nos preços da liga da ordem de 60% a partir de abril. Uma parte delas já assinou contratos no início do ano com aumentos de 30% a 40%.

“Acho muito difícil que as usinas não emplaquem 60% de reajuste (para as montadoras) em abril… Não tem jeito de ser menos que isso”, afirmou Loureiro referindo-se à subida nos últimos meses de preços internacionais do aço.

Ele citou dados mostrando que o preço de laminados a quente nos Estados Unidos em 8 de março atingiram o pico de US$ 1.348, alta de cerca de US$ 120 em pouco mais de um mês.

O presidente informou também que a CSN anunciou recentemente novo aumento nos preços de aço, entrando em vigor em abril, da ordem de 10%, e a Gerdau também elevou seus produtos planos entre 8% e 10%.

“Usiminas e ArcelorMittal até o momento não deram nenhuma informação de aumento para abril, então acredito que saberemos até o fim desta semana”, disse Loureiro.

O mercado internacional é o termômetro da regulação de preços. “Na medida que os preços internacionais cederem, que é uma coisa que a gente acredita nos Estados Unidos e Europa, isso diminui um pouco a pressão (sobre novos reajustes)”, afirmou o presidente do Inda.

Segundo ele, mesmo após seguidos reajustes de preços de aço nos últimos meses, a diferença entre o valor cobrado pela liga produzida no Brasil e a importada, conhecida como prêmio, está ao redor de 1% e 2%, em alguns casos sendo até negativa. Ele também acha difícil imaginar mais aumentos, após os anunciados para abril.

 

Por Reuters.