Acordo permite que empresa use o processo de desenvolvimento de componente da Nano One para baterias de carros elétricos.

Colocando em prática a estratégia de transformar o negócio de baterias para carros elétricos em nova fronteira de aplicação do nióbio, a CBMM – líder mundial na mineração e metalurgia do metal – faz mais uma parceria. Agora com a canadense Nano One Materials Corporation que vai, durante dois anos, desenvolver um processo tecnológico de aplicação de óxido de nióbio em componente (catodo) de bateria.

O objetivo da parceira é utilizar o processo de etapa única (One-pot process) da Nano com a tecnologia do nióbio da CBMM, explica o engenheiro químico Rogério Ribas, com dez anos de carreira na empresa e desde 2019 à frente da divisão de Baterias. A Nano, listada em Toronto, já desenvolve processo de catodo utilizando o níquel.

Rogério Ribas, diretor da CBMM – Foto: Divulgação.

Segundo Ribas, a tecnologia da Nano “queima” etapas, o que gera uma série de vantagens: redução de custos, economia em logística, menor gasto de água e energia, entre outras. “Nosso propósito é avaliar todas as tecnologias em desenvolvimento e ver quais mercados (automóveis, veículos pesados, micromobilidade, carro autônomo – elétricos) e tecnologias têm a melhor proposta de valor para o nióbio em baterias”.

O lítio é o material-base em todas as baterias para carros elétricos, com participação de 3%. Nos investimentos de empresas no mundo, outros metais se juntam a ele: cobalto, nióbio, níquel, manganês. Até o cobre disputa espaço nessa onda. Para Ribas, o nióbio é um elemento-chave para o avanço dos componentes em baterias de íons de lítio. “Nosso foco é elevar o protagonismo do nióbio”.

No projeto com a Nano, a CBMM vai investir R$ 2 milhões, enquanto a canadense entra com toda a sua estrutura técnica existente e de pessoal especializado.
A CBMM busca, com a parceria, ter uma aplicação que demonstre maior durabilidade e segurança, além da redução de custos no processo. Ao final, segundo Ribas, a Nano vai licenciar a tecnologia junto a fabricantes de catodos, que por sua vez vão apresentar o componente a empresas de baterias elétricas.

No mundo, os desenvolvimentos tecnológicos abrangem tanto catodos quanto anodos. A empresa está presente nos dois.

Atualmente, a CBMM trabalha em 40 projetos com universidades, centros de pesquisa, clientes e empresas de tecnologia, principalmente na Ásia. “Na Coreia do Sul, China e Japão é que estão os grandes fabricantes de baterias elétricas”, informa Ribas. Neste ano, a empresa vai aplicar R$ 61 milhões nesses projetos, aumento de 62% sobre os R$ 37 milhões de 2020.

A companhia, sediada em Araxá (MG) e que teve receita líquida de R$ 7 bilhões no ano passado, já tem projetos desse negócio gerando receita. Na China, uma fabricante de baterias compra óxido de nióbio da CBMM para fazer o catodo, que é usado em baterias para micro mobilidade – bicicletas elétricas, scooters e outros veículos. Em 2023, a previsão é de comercializar 2,5 mil toneladas de ferro-nióbio equivalente.

O projeto mais robusto é com a japonesa Toshiba. Nesse caso, o nióbio tem uma presença substancial – 70% do anodo da bateria. Isso significa, segundo Ribas, que um carro elétrico levaria na sua bateria cerca de 25 kg de óxido de nióbio. Encontra-se na fase de testes, com várias montadoras de automóveis que avaliam a tecnologia. Neste ano e no próximo o objetivo é homologar com elas a bateria da Toshiba e, iniciar produção em escala comercial em 2023.

No plano de crescimento do negócio, a CBMM vai inaugurar ainda este mês uma planta-piloto, que custou R$ 14 milhões, em Araxá, para produzir, em quantidade relevante, compostos de nióbio (com óxidos do metal e mistos). A capacidade da instalação (dentro do site da CBMM) é de fabricar 1 tonelada por mês.

 

Fonte: Valor Econômico.