Qair Brasil, Fortescue e Enegix Energy desenvolvem projetos de produção de H2V no Hub de Hidrogênio Verde, no Porto de Pecém (CE).

Com expectativa de que em 30 anos o hidrogênio verde (H2V) possa representar até 20% da matriz energética global, multinacionais de diferentes setores estão tentando viabilizar a instalação de unidades de produção do combustível zero carbono no Brasil. Só nesta semana, duas multinacionais, a Qair Brasil e a Fortescue Future Industries (FFI), assinaram memorandos de entendimento com o Governo do Ceará para estudo e desenvolvimento de plantas de produção de hidrogênio verde (H2V) no Estado. Somente os dois projetos somam quase US$ 13 bilhões ou R$ 67,6 bilhões.

Além destas empresas, a australiana Enegix Energy, de energia renovável, também está em fase de estudos para levantar uma unidade de US$ 5,4 bilhões ou R$ 28 bilhões, também no Porto do Pecém. A empresa, que está se estruturando para participar dos leilões de H2V na Europa, ainda está captando recursos para viabilizar a obra.

A produtora de gases industriais White Martins, do grupo alemão Linde, também está se movimentando. A empresa avalia uma unidade de hidrogênio verde no Ceará. Sem detalhar valores nem a capacidade do empreendimento, Guilherme Ricci, diretor de hidrogênio verde e gás natural da empresa, afirma que o fato da White Martins já ter uma fábrica de gases no Porto do Pecém, poderá facilitar o investimento na usina de H2V.

Qair Brasil – US$ 6,95 bilhões

A francesa Qair, do ramo de energia, estuda dois projetos semelhantes no Nordeste, onde os portos estão mais próximos dos Estados Unidos e da Europa. Na terça-feira (06/07), a empresa confirmou o início dos estudos de uma usina, de quase US$ 7 bilhões, no Hub de Hidrogênio Verde, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Ceará) e terá capacidade de 2.240 megawatts (MW) para produção de H2V, por meio da eletrólise.

A empresa vai usar energia elétrica gerada no Complexo Eólico Marítimo Dragão do Mar e de um parque de energia eólica offshore. O investimento total previsto é de US$ 6,95 bilhões, com geração de dois mil empregos durante a construção das plantas e 600 empregos diretos na operação dos projetos. A expectativa da empresa, com sede no Ceará, é produzir, armazenar, transportar e comercializar o combustível renovável já a partir de 2023.

Além desse, em abril, a multinacional também assinou memorando de entendimentos para instalação de uma unidade de H2V com investimento próprio de US$ 3,8 bilhões ou R$ 19,7 bilhões no Porto de Suape, em Pernambuco.

Fortescue Future Industries (FFI) – US$ 6 bilhões

Já nesta quarta-feira (07/07), foi a vez da Fortescue Future Industries (FFI), subsidiária da mineradora australiana Fortescue Metals Group, assinar memorando com o Ceará, com investimentos de US$ 6 bilhões, também para construir uma usina de hidrogênio verde (H2V) no Hub de Hidrogênio Verde, no Porto de Pecém.

A meta da FFI é começar as operações em 2025 e produzir 15 milhões de toneladas de H2V até 2030. “Na FFI, nossa visão é fazer do hidrogênio verde a commodity de energia mais comercializada globalmente no mundo. Queremos impulsionar o uso da energia verde e a indústria de produtos, aproveitando os recursos de energia renovável do mundo para produzir eletricidade verde” afirmou a CEO da empresa, Julie Shuttleworth.

O presidente da Fortescue para a América Latina, Agustin Pichot, reconheceu o potencial significativo de energia renovável do Ceará. “O Ceará tem infraestrutura portuária e localização estratégica. Este acordo permitirá a transição energética do Brasil para a descarbonização”, disse Pichot.

“Estamos falando aqui do combustível do futuro, com a hidrólise da água somado com a energia solar, teremos o hidrogênio verde, uma energia limpa a ser exportada para Europa e outros países do mundo inteiro”, disse em nota o governador do estado, Camilo Santana.

Segundo o governador, a estratégia pode mudar o perfil de investimentos no Ceará, além de estimular a produção de energia renovável no interior.

O governo estadual busca parcerias para o desenvolvimento de uma cadeia de valor para o H2V, se antecipando ao lançamento do Programa Nacional do Hidrogênio, cujas diretrizes estão em fase de definição pelo governo federal.

A iniciativa também conta com a participação de empresas de energia renovável atuantes no estado, que estão fazendo a ponte entre investidores interessados no hub e o governo.

 

 

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