Após revisar projeções, setor prevê produção recorde e consumo aparente no país de 26,6 milhões de toneladas para o ano.
A indústria do aço no Brasil pode viver um dos seus melhores anos no país. As vendas internas e o consumo aparente prometem bater volumes recordes desde 2013, ano referência para esses indicadores. Já a produção pode alcançar o seu recorde histórico, caso as estimativas do Instituto Aço Brasil para 2021 se confirmem.
As vendas ao mercado doméstico, de acordo com a segunda revisão de estimativas do Aço Brasil no ano, podem atingir 23 milhões de toneladas, um aumento de 18,5%. Na estimativa anterior, realizada em maio, o crescimento previsto era de 12,9%, com um volume de 21,96 milhões de toneladas. No melhor ano do setor, em 2013, as usinas comercializaram no país 24,4 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos.
O consumo aparente também pode ser o melhor desde 2013. Pelas novas perspectivas devem ser consumidas 26,6 milhões de toneladas de aço, isso somando as vendas internas e as importações. Esse volume representa um crescimento de 24,1% ante ano passado. Na estimativa de maio, a alta esperada pelo Aço Brasil era de 15%, com volume de 24,65 milhões.
Pelas perspectivas do Aço Brasil, neste ano as usinas devem ofertar ao mercado volume recorde de aço bruto histórico. A previsão é de 35,8 milhões de toneladas – 14% a mais que em 2020. Até então, o melhor ano das usinas locais era 2011, com 35,2 milhões de toneladas. Na estimativa de maio, o volume projetado era de 34,96 milhões, o que já representava alta de 11,3%.
O presidente executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse que as siderúrgicas têm capacidade para atender o aumento do consumo interno. Segundo ele, as usinas já trabalham com uma utilização da capacidade acima de 80% e não há mais problemas de fornecimento de aço. “O abastecimento interno é a prioridade absoluta das siderúrgicas. E devemos investir US$ 8 bilhões nos próximos cinco anos para atender a expansão do consumo no país”.
Estimuladas pelo desarranjo de abastecimento provocado pela pandemia, as importações indicam um salto no ano, conforme dados da entidade. A estimativa é que compras no exterior vão atingir 4,46 milhões de toneladas – mais 119% ante o ano passado. Em maio, a perspectiva era de 3 milhões de toneladas de produtos importados, mais 48,5%. Houve uma corrida ao aço estrangeiro.
O desempenho recorde do ano se baseia em um primeiro semestre forte. Foram produzidas 18 milhões de toneladas de aço bruto, volume 24% maior que janeiro a junho de 2020. No mês passado, ante um ano atrás, foi registrado crescimento de 45,2%, chegando a 3,1 milhões de toneladas.
Pelos dados divulgados nesta quinta (22/07), as vendas internas no semestre somaram 12 milhões de toneladas, uma evolução de 43,9%. Já em junho, a comercialização cresceu 32,8%, para 2,08 milhões de toneladas. Por sua parte, o consumo aparente, embalado pelas vendas em alta e por importações, subiu 48,9%, chegando a 14 milhões de toneladas. No mês passado, registrou-se aumento de 41,1%.
Mello Lopes disse que o consumo aparente no semestre foi o maior desde 2014. “Hoje, olhando para todos os setores que consomem aço, vemos uma demanda forte e com perspectiva de crescimento. Não à toa, o PIB (Produto Interno Bruto) deve ser revisado.”
O semestre retratou também a entrada expressiva de material importado. As compras no exterior somaram 1,94 milhão de toneladas, alta de 93,8%. A participação dos produtos importados no consumo aparente, no período, foi de 13,8%. “As importações são oportunistas, não estruturais. Não acreditamos que possa ultrapassar os patamares históricos de 12% a 13%”, disse Marco Faraco, presidente do conselho do Aço Brasil.
Por: Valor Econômico.