O risco de calote da segunda maior incorporadora chinesa teve efeito negativo nas negociações desta segunda-feira.

Pressionado pela demanda mais fraca na China, o preço do minério de ferro caiu abaixo de US$ 100 por tonelada no mercado à vista pela primeira vez em quase 15 meses, nesta segunda-feira (20/09), em Qingdao. Com a baixa de hoje, a principal matéria-prima do aço passou a exibir desvalorização de 42% em 2021.

Segundo a publicação especializada Fastmarkets MB, o minério com teor de 62% de ferro fechou o dia em queda de 8,8% no porto de Qingdao, para US$ 92,98 por tonelada. Esse é o menor preço desde 14 de maio de 2020. Na última sexta-feira, o minério de ferro já tinha fechado abaixo dos US$ 100 na Bolsa de Commodity de Dalian, para entrega em janeiro, com queda de 7%, para 629 yuans (US$ 97,50).

O colapso dos preços da matéria-prima vem na esteira da crescente preocupação com o vigor da economia chinesa. O risco de calote da segunda maior incorporadora da China, a Evergrande, tem efeito nas negociações de minério uma vez que afeta diretamente o mercado doméstico de aço — a construção civil é um dos grandes direcionadores da demanda de aço e a Evergrande, uma das principais consumidoras de produtos siderúrgicos.

Com o desempenho negativo das últimas sessões, a commodity ampliou a 39,5% as perdas acumuladas em setembro. Desde a cotação recorde alcançada em maio, de mais de US$ 230 por tonelada, a baixa é de 61% ou US$ 140 por tonelada.

Além disso, o governo chinês vinha ampliando os esforços para reduzir a taxa de operação das siderúrgicas locais com vistas a cumprir metas de redução das emissões de carbono.

Na avaliação da S&P Global Platts Analytics, a produção de aço na China em 2021 deve crescer entre 1% e 2%, portanto muito perto do objetivo de manter os níveis vistos no ano anterior. “Essa é uma grande conquista, considerando que o crescimento acumulado é de 16% até meados deste ano”, indicou a consultoria, na semana passada.

“Mas não são apenas os esforços governamentais que afetam a produção. A economia chinesa avança em ritmo lento e a demanda por aço na indústria e na construção civil está fraca. Os problemas enfrentados pela Evergrande agravam a pressão, já que a empresa é um grande player na construção imobiliária”, acrescenta a S&P Global Platts.

 

Fonte: Valor e Reuters.

 

Voltar