Preços históricos do níquel pode beneficiar mineradora brasileira

Mina de níquel Copper Cliff em Sudbury - Foto: Agência Vale.

Efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia eleva preços da commodity a patamares nunca vistos e pode beneficiar a mineradora Vale.

A alta histórica nas cotações do níquel, nesta terça-feira (08/03), colocou os holofotes sobre as operações do metal da mineradora Vale, uma das maiores produtoras mundiais de minério de ferro. O níquel, considerado estratégico na transição energética uma vez que é usado em baterias de carros elétricos, chegou a subir 111% na Bolsa de Metais de Londres (LME), negociado acima de US$ 100 mil por tonelada. A alta inesperada levou a tradicional bolsa londrina a suspender e depois cancelar todos as transações envolvendo a commodity.

A situação é uma combinação dos efeitos da guerra na Ucrânia, uma vez que a russa Norilsk Nickel é a maior produtora no mundo do metal de alta qualidade, e de fatores de oferta e demanda do metal, essencial na transição para a economia de baixo carbono.

Em 2021, o preço médio do níquel na LME foi superior a US$ 18 mil por tonelada, o que já foi um crescimento de 34% em relação à média de 2020. No começo de 2021, as cotações estavam entre US$ 20 mil e US$ 25 mil, preço considerado bom pela indústria de mineração. Entre especialistas, não se acredita que os preços atuais são sustentáveis a longo prazo.

“Não estamos argumentando que os preços do níquel são sustentáveis nos níveis atuais. Mas acreditamos que a alta pode ser outra fonte de aumento de lucros para a Vale, que vemos estar subvalorizada”, escreveram os analistas do BTG Pactual, em relatório.

A Vale, mais conhecida pelas grandes reservas de minério de ferro, também é uma grande produtora de níquel, atrás dos russos e próxima de produtores chineses. A empresa se posicionou nesse segmento ainda no começo dos anos 2000 quando o já falecido Roger Agnelli, à época presidente da mineradora, comprou a produtora canadense Inco, em 2006.

A companhia se diz bem-posicionada para atender o mercado americano a partir do Canadá, onde tem operações integradas no negócio de níquel. A mineradora é também uma grande produtora de níquel na Indonésia e tem produção própria no Brasil, no Pará.

No ano passado, a produção de níquel da Vale alcançou 168 mil toneladas, queda de 8,5% em relação ao ano anterior.

A empresa, que é a mais valiosa da bolsa brasileira – R$ 516 bilhões no fechamento do último pregão, R$ 75 bilhões à frente da Petrobras -, continua sendo vista como uma mineradora de ferro, já que, no quarto trimestre de 2021, esse negócio representou mais de 82% da receita de vendas. Os metais ficaram em 17%.

O objetivo da Vale é mudar essa percepção dos investidores e fazê-los enxergar valor no níquel e no cobre. Uma das alternativas seria fazer uma separação da unidade de metais ou mesmo promover uma oferta inicial de ações da companhia na bolsa de valores.

A companhia também estima uma produção futura de níquel na faixa de 200 mil a 220 mil toneladas anuais a partir de 2024. Pensando em uma cotação de US$ 30 mil por tonelada – o que muitos acreditam estar acima do que seria um patamar sustentável -, a Vale poderia ter um resultado líquido superior a US$ 20 mil por tonelada considerando um custo de produção na faixa de US$ 8 mil.

A valorização, na visão da empresa, trilha um novo caminho. O próximo passo nos metais deve ser como ampliar volume às produções da Indonésia e do Canadá e, a partir daí, pode se tomar a decisão de ir a mercado para capitalizar o negócio de metais, via venda de ações a investidores, ou um eventual sócio estratégico.

 

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