Municípios de Jacobina, Itagibá, Jaguarari e Juazeiro se destacaram como os maiores produtores minerais e arrecadadores de CFEM do Estado.
A produção mineral comercializada da Bahia alcançou, em 2022, R$ 10,2 bilhões. O valor é 7% maior que o registrado em 2021, quando a soma atingiu R$ 9,6 bilhões, conforme dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE). Os números alcançados vão na contramão da tendência nacional do setor, que encerrou o ano com queda de 26%, de acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
O relatório da SDE também evidencia a produção comercializada do ouro, cobre e níquel, que se destacaram alavancando a arrecadação da Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), nos municípios de Jacobina, Itagibá, Jaguarari e Juazeiro.
De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), a produção mineral dos quatro municípios foi responsável por arrecadar mais da metade da CFEM de todo o Estado. Dos R$ 182 milhões arrecadados na Bahia, em 2022, mais de R$ 100 milhões foram para os municípios citados.
Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), a mineração é de grande importância para as dezenas de municípios baianos que possuem direito a esse recurso. “A mineração tem papel fundamental para o crescimento do Estado. As cidades, onde estão situadas as empresas, são beneficiadas tanto com o dinheiro da CFEM, que retorna para o município, quanto pelos empregos gerados, que normalmente pagam três vezes mais do que em outros setores”, declara Antônio Carlos Tramm.
Emprego e Renda
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério da Economia, mostram que o setor emprega, diretamente, mais de 14 mil pessoas, apenas na Bahia.
O número é ainda maior se levarmos em consideração os postos de trabalho indiretos que são criados. O Ibram estima que, para cada emprego direto, 11 indiretos são criados, o que corresponde a mais de 150 mil postos de trabalho gerados, por conta da atividade mineral.
Segundo a CBPM, além da geração de emprego, a média salarial dos trabalhadores da mineração vem se destacando ao longo dos anos, sendo superior a atividades como a agropecuária e o comércio, por exemplo.
Investimentos
Entre as empresas que estão investindo na mineração baiana está a Equinox Gold. A mineradora investiu mais de US$ 100 milhões na construção de uma nova planta industrial na cidade de Santaluz, a 212 km de Salvador, e tem a expectativa de produzir três toneladas de ouro por ano.
Outra empresa com grande previsão de investimentos no estado é a Bamin. A mineradora ampliou o plano de investimentos na Bahia de R$ 14 bi para R$ 20 bilhões até 2026. A companhia também aumentou as projeções de produção de minério de ferro, de 18 milhões de toneladas para 26 milhões de toneladas, por ano, a partir de 2026, quando estiverem em operação o Trecho 1 da Ferrovia Oeste Leste (FIOL) e o Porto Sul.
Liderança em pesquisa mineral
Além dos grandes investimentos previstos para os próximos anos, o valor destinado à pesquisa mineral é um diferencial e a Bahia vem se destacando ao longo dos últimos anos.
Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) mostram que no acumulado dos últimos quatro anos (2017 a 2021), a Bahia foi o Estado que mais realizou investimentos em pesquisa mineral. No total, foram mais de R$ 1,5 bilhão (contabilizando investimentos públicos e privados).
“Nós precisamos ampliar, reconhecer o papel, a importância da pesquisa mineral e, nesse sentido, quero dar parabéns à Bahia e, particularmente, à CBPM. A Bahia hoje é a campeã nacional em pesquisa mineral, um em cada três reais aplicados em pesquisa é aqui na Bahia. O Estado é o terceiro lugar na mineração hoje, só perdendo para o Pará e Minas Gerais”, salienta o presidente do Ibram, Raul Jungmann.
CBPM prestes a descobrir nova província
A pesquisa é primordial para a descoberta de novos minérios e seus depósitos. A CBPM, empresa que ajudou a Bahia a ser o Estado mais bem estudado geologicamente do país, deverá confirmar, este ano, a descoberta de uma nova província mineral. A área está situada no extremo Norte do estado, e abrange as cidades de Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado, Campo Alegre de Lourdes e Remanso.
“Os trabalhos de pesquisas minerais, desenvolvidos em 2022, apresentaram excelentes resultados, o que motivou um programa extensivo de sondagem, que será executado em 2023/2024, para definir a real potencialidade da província. Os quatro primeiros furos já realizados, caracterizaram a presença de novos corpos/níveis de rochas ultramáficas acamadadas e sulfetadas, onde sobrepõem-se zonas com enriquecimento supergênicos de níquel, cobre e cobalto. Podendo ser essa a província de mais alto potencial exploratório e uma das mais promissoras para o futuro da CBPM”, explica o diretor técnico da CBPM, Rafael Avena.
Para o presidente da companhia, essa é uma das mais importantes descobertas da mineração baiana, por ser uma área contínua e que será de extrema importância, não apenas para o desenvolvimento do setor no Estado, como para o desenvolvimento socioeconômico da região. “Estima-se que a área possa chegar a mais de 100 km de extensão e tenha potencial para níquel, cobre, cobalto, ouro, prata e outros bens minerais. A descoberta é fruto do importante e extenso trabalho desenvolvido na pesquisa mineral da CBPM, e acreditamos que, confirmando os resultados, o Estado tem potencial para se tornar o segundo maior produtor mineral do Brasil”, enfatiza Tramm.