União Europeia quer diversificar a cadeia de fornecimento de matérias-primas essenciais para a transição energética.

A Europa vai focar na América Latina e África para diversificar os fornecedores de matérias-primas consideradas estratégicas para a transição energética, como alguns minerais, segundo a diretora de Política Energética da União Europeia, Cristina Lobillo.

Na conferência sobre energia em Madrid, na Espanha, nesta terça-feira (23), a executiva destacou que, em relação aos minerais estratégicos, como o lítio, o cobalto ou magnésio, a Europa não pode “repetir o mesmo erro” da extrema dependência de um único fornecedor, como aconteceu com o gás russo.

Cristina Lobillo – Crédito: Divulgação.

“Precisamos de um plano europeu para a indústria”, ressaltou Cristina Lobillo, que lembrou que a dependência europeia da China em relação a alguns desses minerais é de 98%.

“Agora, estamos focados na África e América Latina. Queremos garantir o bom funcionamento das cadeias de fornecimento e desenvolver a cooperação com outros países”, disse a diretora.

Cristina Lobillo também destacou a importância da primeira conferência em oito anos entre a UE e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), prevista para o mês de julho, em Bruxelas, na Bélgica.

Ainda na conferência de Madri, o vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Ricardo Mourinho Félix, defendeu que a UE precisa entender “que o conceito de autonomia estratégica deve ser um projeto de autonomia estratégica aberta, isto é, diversificar as fontes de abastecimento, seja de energia, de minerais estratégicos ou de equipamentos fundamentais”.

“A Europa deve sobretudo olhar para dentro de si e para as diversas partes do mundo e saber como pode definir uma autonomia estratégica aberta. Pensar que podemos produzir tudo na Europa não só não é realista, como a dependência não é muito melhor do que depender de um bloco econômico”, afirmou a jornalistas.

Segundo Mourinho, o BEI tem liberado “financiamentos significativos nesta área”. Ele destacou que esse apoio vai desde projetos relacionados diretamente com a produção de energias renováveis a outros focados na eficiência energética.

Mourinho também defendeu o consumo eficiente e a reciclagem, desenvolvendo a capacidade de reaproveitar, para ser possível substituir o “modelo extrativo” de recursos atual.

“O pior erro que podemos cometer é passar do modelo extrativo de combustíveis fósseis para o modelo extrativo de minerais estratégicos para as novas tecnologias. É esse modelo que temos de abandonar para ter uma economia limpa do ponto de vista da produção da energia, mas também sustentável na exploração dos recursos naturais, que são limitados”, afirmou.

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