Leticia Carvalho vai liderar agência da ONU que discute mineração em alto-mar

A diplomata será a primeira mulher e latino americana a ocupar o cargo.

Foto: Arquivo Pessoal

A partir de janeiro de 2025, a oceanógrafa e diplomata brasileira Leticia Carvalho assume o cargo de secretária-geral da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, em inglês), entidade filiada à Organização das Nações Unidas (ONU) que regulamenta a mineração em águas internacionais.

Ela será a primeira mulher no comando do órgão, além da primeira representante da América Latina a assumir a função desde a criação da ISA, há 30 anos. Até então, os secretários-gerais foram representantes do Pacífico, África e Europa.

A diplomata, que ocupará o cargo até 2028, recebeu 79 dos 113 votos no pleito contra o atual secretário-geral da organização, Michael Lodge.

A eleição da brasileira acontece em um momento crítico para o setor e esperada por organizações ambientais e da sociedade que pedem uma pausa nas licenças para exploração mineral.

Leticia Carvalho atuou no Ministério do Meio Ambiente (MMA) entre 2000 e 2018, atualmente é chefe da Unidade Marinha e de Água Doce do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e defende uma abordagem regulatória mais conservadora do que Michael Lodge, porém não é contra a mineração no mar.

“Eu não assumiria essa função se fosse contra a mineração em alto mar. Sou absolutamente leal à visão do direito do mar estabelecida há 30 anos”, disse Carvalho ao portal australiano ABC.

Ao divulgar a eleição de Leticia Carvalho, o Itamaraty ressaltou em nota que “A oceanógrafa brasileira construiu sólida carreira profissional, acumulando 26 anos de experiência em cargos executivos na administração pública brasileira e em organismos multilaterais”.

Regulamentação da mineração submarina

O Conselho da ISA prevê adotar regulamentos na próxima sessão, em 2025.

Durante a campanha para secretária geral, Leticia Carvalho declarou que os estados-membros da agência estarão no comando para determinar quando e como começar a mineração e que ela respeitaria suas decisões, no entanto, ressaltou  a necessidade de que essas regras sejam definidas antes da liberação da exploração.

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