As principais empresas siderúrgicas do Brasil tem debatido como cortar as emissões de um setor responsável por entre 7% e 9% da geração de CO2 no mundo e como pagar a conta. A meta de zerar as emissões exige investimentos consideráveis e uma ampla transformação no processo de produção.

Segundo previsões do CRU Group, a transição para o aço verde — que hoje representa apenas 2% da produção mundial — exigirá um investimento de US$ 600 bilhões por ano a ser repassado para o mercado. 

Estimativas apresentadas durante o Congresso Aço Brasil 2024, ocorrido no início de agosto, apontam para o aumento de até 80% no valor do aço até 2050 na busca pela descarbonização do setor.

O levantamento da consultoria aponta ainda que o custo não é só de capital. Segundo as estimativas, até 2050, serão necessárias seis vezes mais eletricidade, 12 vezes mais hidrogênio, duas vezes mais gás natural e 25 vezes mais captura de carbono nos processos para reduzir as emissões.

Outro desafio, segundo os executivos das siderúrgicas, é a vida útil dos equipamentos atuais. A transição para a produção verde exige investimentos e tempo, uma vez que aproximadamente 70% dos altos-fornos no mundo ainda utilizam carvão coque, o que torna a mudança para fontes renováveis um processo gradual e complexo.

“Não há bala de prata. Migrar a este nível requer investimentos monstruosos, temos altos-fornos para décadas e quem deve pagar essa conta não é o capital privado e sim a sociedade como um todo, com os impostos. Ou seja, tem uma complexidade, que não é pequena, mas sem dúvida o que pode ser feito precisa de um componente enorme e importante de política de Estado”, afirma o presidente da Usiminas, Marcelo Chara. 

O executivo destaca que o Brasil é grande produtor de etanol, combustível que é uma das fontes para a produção do hidrogênio. De acordo com ele, é possível fazer um processo de transição energética nas siderúrgicas, mas para isso é preciso ter custo competitivo. 

 

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