A agenda de economia circular na mineração do Brasil foi pauta de debate em um dos painéis realizados durante o terceiro dia (11) da Exposibram 2024.
Especialistas ressaltaram a importância da transição para uma economia circular, que propõe uma nova abordagem para o design, produção e comercialização de produtos, visando garantir o uso eficiente e a recuperação inteligente dos recursos naturais.
Moderado pela pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), Lúcia Helena Xavier, o painel contou com as presenças da engenheira ambiental e doutora pelo programa de pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alice Libânia Santana Dias; do superintendente de Meio Ambiente e sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi Bomtempo; da gerente sênior de P&D Mineral da Mosaic, Lilian Cantuário; e da geóloga e coordenadora do Projeto Estudos Multidisciplinares de Redução de Impactos da Mineração e Promoção de Circularidade no Setor Mineral do Brasil, pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), Lucy Takehara Chemale.
Para dar início às discussões, Davi Bomtempo afirmou que a economia circular deve ser encarada como uma agenda de longo prazo.
Ele ressaltou as estratégias adotadas pela CNI para implementar formas de eficiência energética nos setores mais intensivos, como a transição energética, a expansão das energias renováveis, o uso de novas tecnologias, como o hidrogênio de baixo carbono e captura de carbono, e o fortalecimento da política nacional de biocombustíveis.
“A ideia é trabalhar de forma estratégica a gestão dos recursos, aumentando cada vez mais o aproveitamento e reduzindo o descarte e o desperdício”, afirmou Bomtempo.
Em consonância, a engenheira ambiental Alice Libânia Santana Dias destacou a importância de debater a transição da temática.
“Quando a gente comenta sobre economia circular, há de se pensar em uma transição. Não é uma agenda que a gente implementa só colocando metas muito programáticas, do dia para a noite. Realmente, é uma agenda de longo prazo”, declarou.
A engenheira citou, ainda, a logística reversa como uma das formas de trabalhar a economia circular. Ainda segundo Libânia, a tributação contínua na recuperação de materiais, o desenvolvimento tecnológico em algumas cadeias específicas, novos modelos de negócios, incentivos regulatórios e a disponibilidade de investimentos, são alguns obstáculos para promover o avanço da agenda.
A gerente sênior de P&D Mineral da Mosaic, Lilian Cantuário, citou as ações da companhia nas comunidades em que opera, buscando uma operação socioambiental e sustentável, com o investimento em produtos e soluções que entregam mais valor.
“Nos nossos produtos buscamos aumentar a produtividade das plantas e utilizar de formas responsáveis os recursos naturais”, disse. Ela também enfatizou as metas de redução de gases de efeito estufa, os trabalhos para redução e otimização do consumo de água, além de outros temas de interesse massivo na busca por alcançar uma produção sustentável.
Em sua participação, Lucy Takehara Chemale mencionou que o SGB visa aumentar a circularidade no setor mineral, por meio do estudo de materiais de descarte, contribuindo com o aprimoramento da eficiência da produção minerária do Brasil. Ela também destacou: “No setor mineral, a circularidade é uma solução estratégica que, além de promover a sustentabilidade, pode transformar ativos ambientais em ativos econômicos”.
Concluindo o painel, a moderadora Lúcia Helena Xavier comentou que a transição para a economia circular remete à questão de segurança. “Estamos buscando sair de um espaço de insegurança hídrica, energética e alimentar. As formas de se mitigar esses impactos passam, necessariamente, pelas metas que temos em relação à economia circular”, finalizou.