O Serviço Geológico do Brasil (SGB) e a Petrobras fortalecem o relacionamento interinstitucional em busca de oportunidades para consolidar parcerias técnico-científicas.
Em reunião realizada nesta terça-feira (17) em Brasília, equipes das duas entidades avançaram nos diálogos para a expansão de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) com foco na transição energética e descarbonização da economia.
Além disso, representantes da SGB e da Petrobras apresentaram linhas de atuação e realizaram um diagnóstico sobre as áreas de interesse.
O diretor-presidente do SGB, Inácio Melo, enfatizou que a interação com a Petrobras abre novas perspectivas.
“Nossa intenção é desenvolver projetos que explorem fontes alternativas para minerais estratégicos, geologia marinha, aspectos ambientais das bacias equatoriais, a evolução geodinâmica de bacias, energia geotérmica, fontes naturais de hidrogênio e levantamentos geofísicos onshore”, destacou.
O gerente de geologia para exploração de reservatórios do Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello da Petrobras (Cenpes), Igor Viegas, reforçou o interesse em realizar cooperação em projetos estratégicos para o desenvolvimento tecnológico e geocientífico.
“O SGB é uma instituição geocientífica nacional relevante para o Brasil, assim como a Petrobras, e nada mais natural do que somar esforços para promover o desenvolvimento nacional”, afirmou.
Para o diretor de geologia e recursos minerais do SGB, Valdir Silveira, a cooperação entre as instituições é fundamental para avançar na construção de soluções que atendam o interesse nacional.
“É muito gratificante acompanhar essa interação entre o SGB e a Petrobras se tornar cada vez mais pujante. Nossas equipes já têm atuado de forma conjunta e, certamente, essa parceria ficará ainda mais sólida, gerando resultados que beneficiarão nosso país”, destacou.
Potencial para liderar transição energética
A busca por alternativas sustentáveis e inovadoras para o uso de recursos naturais se intensificou, impulsionada pelos desafios ambientais e pelas demandas globais por soluções energéticas mais limpas.
Nesse contexto, o Brasil ocupa uma posição estratégica, com vasto potencial tanto em termos de geodiversidade quanto de recursos energéticos.
O SGB, por meio de pesquisas e estudos, tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento de conhecimento sobre os recursos naturais do país, especialmente quanto à transição energética e à geologia marinha. Intensificar e ampliar esses estudos é essencial para que o país avance rumo a um futuro mais sustentável e competitivo.
“Energia é e sempre será um dos mais importantes temas de pesquisa de qualquer serviço geológico nacional. O Brasil era uma exceção, uma vez que somente a partir da reestruturação do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (Cedes) e sua transformação no Centro de Geociências Aplicadas (CGA) isso tornou-se uma prioridade para o SGB”, informou o chefe do CGA, Noelvado Teixeira.
Ele acrescentou que a consolidação de uma parceria com a Petrobras “será um marco para o SGB”.
Cooperação para o desenvolvimento geocientífico
O SGB, por meio do CGA, tornou-se um Instituto de Ciência e Tecnologia em 2018 e, desde então, desenvolve um conjunto de projetos com a Petrobras.
A estatal é uma das empresas que mais investe em PD&I no país, tendo aportado recursos da ordem de R$ 17 bilhões nos últimos 20 anos.
Os investimentos anuais em tecnologia e ciência correspondem a cerca de 20% do total investido no país.
Um dos projetos consiste na revitalização do Museu de Ciências da Terra (MCTer), construção do Centro de Referência em Geociências (CRG) e duas litotecas nacionais, onde serão acondicionadas todas as amostras decorrentes do programa exploratório para óleo e gás dos últimos 60 anos. O investimento estimado é de R$ 300 milhões.
Além disso, o CGA, a Petrobras e a Universidade de Santa Catarina realizam projetos relacionados à aplicação de machine learning e inteligência artificial (IA) em estudos de turbiditos.
O projeto sobre a evolução geotectônica de algumas bacias do Nordeste brasileiro, formadas em decorrência de colisões continentais, será entregue em dezembro deste ano para a Petrobras.