O segmento de máquinas e equipamentos encerrou 2024 em um patamar inferior ao observado em 2023. É o que aponta a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Apesar do ano ter sido marcado pela continuidade da recuperação das atividades econômicas, puxadas pelo aumento do consumo das famílias e também pelo crescimento da formação bruta de capital fixo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), parte importante dos investimentos foram realizadas por meio de máquinas e equipamentos importadas que cresceram quase 25%.
Levantamento da Abimaq mostra que o consumo aparente de máquinas e equipamentos diminuiu 0,2% em 2024, enquanto a receita líquida interna caiu 11% no ano, recuando para 54% a sua participação no consumo nacional, uma perda de 6 p.p. do mercado em relação ao ano de 2023.
No período, as importações de máquinas e equipamentos cresceram 16,6%. Com esse crescimento, as importações do setor atingiram o segundo maior nível da história. O maior resultado se deu em 2013, ano no qual o país registrou a maior taxa de investimento (cerca de 21% do PIB). O consumo aparente de máquinas e equipamentos na ocasião foi de R$ 568 bilhões, destes 70,6% em bens produzidos localmente.
Em 2013 o papel das importações era de complementariedade, atualmente, dado o menor nível de investimentos no país (17% do PIB e R$ 370 bilhões em máquinas e equipamentos), os bens de capital produzidos localmente sofreram com a substituição por importados, a maioria de origem chinesa.
A receita total de máquinas e equipamentos, resultado das receitas de vendas no mercado interno acrescido das exportações também diminuiu e encerrou o ano com queda de 8,6% ante o ano de 2023, a terceira queda consecutiva.
Nas exportações, também foi registrada queda (-5,5%), mas, ainda assim, o setor teve o segundo maior nível de exportação da história, abaixo apenas do resultado de 2023, quando as exportações somaram US$ 14 bilhões em máquinas e equipamentos.
Para a Abimaq, 2025 será um ano de desafios. Os efeitos da política monetária contracionista no mercado doméstico, já em curso, num ambiente de inflação acima da meta, devem refletir em desaceleração. Neste ambiente, atividades dependentes exclusivamente de crédito, como o setor imobiliário e bens de consumo semi e não duráveis tendem a ser os mais impactados negativamente.
Após um ano de forte desaceleração, a previsão divulgada pela Conab, IBGE e Mapa para a agricultura é de safra recorde de grãos e melhora na rentabilidade do produtor rural, fatores que devem abrir espaço para mais investimentos no campo mesmo num ambiente de crédito restrito e relativamente mais caro.
Na infraestrutura, os diversos leilões e concessões já realizados e outros inúmeros previstos para ocorrerem também tornam o cenário mesmo negativo.
Neste cenário, a expectativa fa Abimaq para a indústria de máquinas e equipamentos é de pequena recuperação. A previsão é de crescimento de 3,7% na receita líquida de vendas após três quedas consecutivas: 8,6% em 2024, 11,0% em 2023 e 5,8% em 2022. No mercado doméstico a expectativa é de crescimento e 2,3%.
Para as exportações, a expectativa é de estabilidade nos valores em dólares. Mas o real relativamente desvalorizado (R$/US$ 5,9 em 2025 contra R$/US$ 5,4 em 2024) contribuirá para uma receita total maior no período.
Em relação aos mercados de atuação do setor fabricante de máquinas e equipamentos a expectativa é de aumento da receita líquida de máquinas para agricultura, petróleo e energia renovável, infraestrutura e construção civil. Por outro lado, deve haver desaceleração nas receitas com máquinas para a indústria de transformação e de bens de consumo.
A pesquisa de investimentos realizados e previstos pelos fabricantes de máquinas e equipamentos identificou uma intenção de investimentos em 2025 da ordem de R$ 8,4 bilhões, um crescimento de 4% sobre os investimentos realizados em 2024 (R$ 8 bi). Naquele parte dos investimentos planejados foram adiados.