Após o anúncio do governo dos Estados Unidos (EUA), que elevou de 25% para 50% a tarifa de importação sobre produtos de alumínio, a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) alerta para os riscos de uma nova escalada tarifária por parte dos EUA e defende uma resposta estratégica e calibrada.
Em comunicado, a ABAL afirma que a decisão norte americana amplia o cenário de incertezas e reforça a importância de instrumentos de defesa comercial e de uma visão de longo prazo para reposicionar o Brasil nas cadeias globais.
O decreto presidencial dos EUA, publicado em 2 de junho de 2025, determina a aplicação global da nova tarifa, sem distinção entre países, exceto pelo Reino Unido, que permanece temporariamente com a tarifa de 25%.
“A medida é anunciada em um cenário de crescente instabilidade nos mercados internacionais, marcado por disputas comerciais, reconfigurações geopolíticas e desafios sistêmicos para a indústria de base em todo o mundo. Mais do que uma decisão isolada, o anúncio sinaliza uma nova realidade global, em que a volatilidade se torna constante e impõe riscos adicionais às cadeias produtivas”, reforça a Abal.
Para a associação, o momento exige mais do que reações pontuais. Por um lado, é preciso cautela e precisão na adoção de medidas emergenciais de mitigação — como o reforço dos instrumentos de defesa comercial e ajustes tarifários para conter práticas desleais e desvios de comércio e, ao mesmo tempo, uma visão estratégica parq reposicionar o Brasil na nova geografia da cadeia global do alumínio, valorizando suas vantagens competitivas estruturais.
“A realidade é que estamos diante de um cenário em que medidas protecionistas coexistem com agendas industriais mais coordenadas. Nesse contexto, proteger apenas um elo da cadeia é insuficiente se o país permanece vulnerável na produção dos insumos que a sustentam”, continua o comunicado da Abal.
Apesar da adversidade do cenário, a Abal destaca que o Brasil conta com ativos estratégicos para enfrentar essa nova realidade: a 4ª maior reserva de bauxita, a 3ª maior produção global de alumina e uma cadeia produtiva verticalizada, com elevada taxa de reciclagem e investimentos crescentes em energia limpa.
Segundo divulgado pela associação, em 2024, os Estados Unidos absorveram 16,8% das exportações brasileiras de alumínio, com destaque para chapas e folhas. A estimativa é de que até 90% do alumínio primário produzido nos EUA tenha, em seu DNA, insumos brasileiros. Assim, para a Abal, essa é uma complementaridade produtiva que deveria ser considerada em qualquer análise de impacto ou negociação bilateral.
A Abal reforça a importância de o Brasil evitar decisões fragmentadas ou setoriais e de construir, com base técnica e visão de longo prazo, uma estratégia nacional para o fortalecimento da soberania industrial.
A entidade ressalta que mantém diálogo com o governo brasileiro e autoridades internacionais para assegurar condições justas de competição e garantir o devido reconhecimento do papel estratégico do alumínio nacional na economia de baixo carbono.