Mineração apresenta caminhos para reduzir até 90% nas emissões de carbono

Estudo da Coalizão Minerais Essenciais, liderada por CEBDS, Vale e Ibram, foi entregue ao presidente da COP30

Hugo Barreto, diretor de Clima, Natureza e Investimento Cultural da Vale; Marina Grossi, presidente do CBEDS; André Corrêa do Lago, presidente da COP30; Raul Jugmann, presidente do IBRAM; e Grazielle Parenti, vice-presidente executiva de Sustentabilidade da Vale | Crédito: Jota Rodrigues

Em iniciativa liderada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Vale e Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a Coalizão Minerais Essenciais apresentou nesta quinta-feira (9/10), ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, um estudo com potenciais oportunidades para reduzir em até 90% as emissões de carbono da mineração e contribuir para a diminuir as emissões totais do Brasil até 2050.

O estudo da Coalizão Minerais Essenciais mostra que a transição energética global está diretamente vinculada à mineração e que o Brasil está posicionado estrategicamente neste cenário, por possuir uma das maiores diversidades geológicas do mundo, um setor mineral desenvolvido e uma matriz elétrica renovável, entre outros fatores.

Além de apontar qual é contribuição potencial do setor para a transição energética e para a descarbonização da economia, o documento lista cinco pré-requisitos para que esse potencial seja atingido nos próximos anos, além de reforçar que o setor mineral brasileiro tem potencial de reduzir as emissões globais da cadeia do aço e apoiar o processo de eletrificação global.

“A iniciativa é o ponto de partida de um processo que vai além do papel: transformar consensos em implementação para uma economia de baixo carbono. Nesse movimento, a Coalizão de Minerais assume papel estratégico ao propor caminhos concretos para descarbonizar sua cadeia e apoiar a transição energética global”, afirma o presidente do CEBDS, Marina Grossi.

O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, considera o engajamento do setor privado essencial para a agenda climática avançar no Brasil. “O Brasil está no centro dessa discussão, pois tem enorme potencial de produção desses minerais, além de ser um dos maiores produtores de minério de ferro de alta qualidade, essencial para a descarbonização da siderurgia”, avalia.

Para o presidente do Ibram, Raul Jungmann, o relatório evidencia que a mineração é um pilar essencial da solução para a crise climática. “O Brasil possui uma vantagem competitiva única, com diversidade geológica e uma matriz elétrica limpa. O estudo mostra que estamos prontos para fornecer os minerais que o mundo precisa para construir uma economia de baixo carbono, mas não podemos fazer isso sozinhos”, diz.

A Coalizão, formada por 15 entidades e empresas do setor de mineração, foi constituída a partir de convite da Presidência da COP30, que sugeriu que seis setores chave da economia no Brasil (agricultura, energia, florestas, mineração, pecuária e transportes) se mobilizassem para propor caminhos de descarbonização, a serem apresentados durante o evento que será realizado em Belém, em novembro.

Alavancas para redução das emissões

A Coalizão analisou três escopos de contribuição da mineração para a descarbonização e a transição energética global. O primeiro, voltado para a diminuição de emissões da própria atividade de mineração, apontou redução potencial de até 80% das emissões do setor e a neutralização de cerca de 14% das emissões, levando a uma redução total de cerca de 90% até 2050.

Foram estipuladas cinco alavancas para que esse cenário seja atingido: eficiência energética; uso de biocombustíveis; expansão do uso de eletricidade de fontes renováveis; eletrificação de frotas e equipamentos; e recuperação de áreas degradadas para neutralizar emissões residuais.

Um segundo eixo, dedicado a contribuições da mineração para reduzir as emissões da cadeia global do minério de ferro, indicou que as reduções podem chegar a 110 MtCO2e em 2050 (o equivalente a oito vezes as emissões anuais da mineração brasileira em 2022) por meio de produção de insumos para o aço de baixo carbono, como pelotas e briquetes para rota de redução direta.

Além disso, há a possibilidade de redução das emissões em atividades como pelotização, transporte ferroviário e navegação internacional, dependendo de instrumentos econômicos e pré-requisitos apresentados no estudo.

Já em relação aos minerais de transição energética – como cobre, níquel, bauxita, lítio, terras raras, entre outros –, a Coalizão estima que o setor mineral brasileiro pode dobrar a produção desses minerais até 2050, levando a uma redução das emissões totais do país de até 300 MtCO2e por ano em 2050, o equivalente às emissões totais dos estados de São Paulo e Minas Gerais somadas em 2023.

Esse cenário leva em conta o aumento da produção global de veículos elétricos para até 38 milhões adicionais em 2050, e a expansão da capacidade instalada de geração de energia eólica de até 830GW adicionais e de energia solar de até 610GW adicionais em todo o mundo em 2050, além da expansão de redes elétricas e sistemas de armazenamento de energia.

O estudo ressalta também que o potencial de contribuição da mineração brasileira depende da construção de um ambiente favorável, articulado em torno de cinco pré-requisitos:

  • melhorias no cenário regulatório-econômico, com a entrada em vigor da precificação de carbono;
  • maior acesso a tecnologias com maturidade técnica e viabilidade econômica;
  • redes de logística, energia e armazenamento com capilaridade e capacidade suficientes;
  • instrumentos financeiros “verdes” e taxonomias sustentáveis consolidadas;
  • um “prêmio verde”, um pagamento adicional por produtos de menor pegada de carbono, além de incentivos ao longo da cadeia de valor para a promoção de práticas como a circularidade.

Clique aqui para acessar o sumário executivo do estudo

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