As ações da Sigma Lithium registraram forte valorização nesta terça-feira (9), com alta de 15% no pregão em Nova York. O movimento reforça uma escalada expressiva dos papéis: em apenas um mês, a companhia acumula mais de 120% de valorização, impulsionada principalmente pela recuperação dos preços do lítio no mercado internacional.
Segundo análise da Nasdaq, o rali das ações está diretamente ligado ao desempenho das commodities. O contrato futuro do carbonato de lítio ultrapassou 95 mil yuans por tonelada (aproximadamente US$ 13,4 mil), atingindo o maior nível em um ano e meio.
O apetite dos investidores ganhou força após declarações do presidente da Ganfeng Lithium, uma das maiores produtoras globais, que projeta crescimento de 30% a 40% na demanda por lítio para baterias até 2026. Caso esse cenário se confirme, os preços do carbonato poderiam superar 150 mil yuans por tonelada.
Após um período de forte queda ao longo de 2024 e parte de 2025, a recente alta reacende a expectativa de reequilíbrio entre oferta e demanda no setor de baterias, sustentado principalmente pela expansão da indústria de veículos elétricos.
Operação brasileira volta ao centro do mercado global
Com operações no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, a Sigma Lithium produz atualmente cerca de 270 mil toneladas anuais de concentrado de lítio. A empresa está construindo uma segunda planta industrial, que deve praticamente dobrar a capacidade produtiva a partir de 2026.
A elevada sensibilidade da companhia às oscilações de preços ficou evidente nos resultados do terceiro trimestre. No período, a produção caiu 27% e as vendas recuaram 15%. Ainda assim, a receita avançou 36%, impulsionada por um aumento de quase 60% no preço médio de venda. O desempenho indica que a elevação dos preços compensou a redução de volume e sustentou a geração de caixa.
Redução da dívida melhora percepção do mercado
Além do avanço das commodities, analistas destacam a melhora na estrutura financeira da Sigma. No terceiro trimestre, o prejuízo líquido foi reduzido para US$ 11,6 milhões — menos da metade do resultado negativo registrado no mesmo período do ano anterior.
Um dos principais fatores foi a redução agressiva da dívida de curto prazo, que caiu 48% em um ano. A desalavancagem diminui os custos financeiros e aumenta a possibilidade de a empresa atingir o ponto de equilíbrio (breakeven) mais rapidamente, caso o ciclo de alta do lítio se mantenha.
Por que as ações dispararam
A combinação de três fatores explica a forte valorização dos papéis:
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Alta consistente do preço do lítio, com expectativas de continuidade.
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Expansão da capacidade produtiva, com a segunda planta em construção.
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Estrutura financeira mais saudável, com menor queima de caixa.
Diante desse cenário, investidores passaram a especular que a Sigma Lithium pode finalmente alcançar a lucratividade, o que alteraria de forma relevante sua posição no mercado global de lítio.
Apesar do otimismo, especialistas alertam para a elevada volatilidade do setor, altamente sensível a ajustes de oferta — especialmente provenientes da China. Uma eventual correção nos preços da commodity poderia reverter parte do rali recente.
Ainda assim, a disparada das ações consolida o clima positivo no segmento e recoloca a operação brasileira da Sigma Lithium sob os holofotes do mercado internacional.









