Resultado da Assembleia Geral, que discutiu projeto de exploração de potássio, foi apresentado ao governador Wilson Lima.

Lideranças indígenas do povo Mura, do município de Autazes (AM), que representam 36 aldeias e cerca de 12 mil indígenas, estiveram na sede do Governo do Amazonas nesta segunda-feira (25/09), para entregar ao governador Wilson Lima uma ata e o relatório da Assembleia Geral, ocorrida na última semana entre chefes indígenas.

A decisão, apresentada pelos indígenas, foi pela aceitação da implantação do projeto Potássio Autazes. A empresa Potássio do Brasil foi convidada a participar, tanto na assembleia quanto na apresentação, que contou também com a participação de deputados e secretários estaduais, além de Juliano Valente, presidente do Ipaam, órgão responsável pelo licenciamento ambiental do projeto.

Segundo o governador, o apoio do povo Mura é importante não apenas para o desenvolvimento do município de Autazes, mas para o Amazonas, com a possibilidade de consolidação de uma nova matriz econômica para o Estado.

“Esse é um dia muito importante, é um dia histórico porque a gente está a um passo significativo para mudar a vida das pessoas que moram no Estado do Amazonas, para mudarmos, sobretudo, a vida das pessoas que estão ali no município de Autazes. Esse é um passo fundamental e eu considero o passo mais importante, que é o processo de consulta ao povo Mura sobre essa atividade de exploração do potássio no município de Autazes”, destacou Wilson Lima.

Na ocasião, representando o povo Mura, José Cláudio dos Santos Pereira, coordenador geral do Conselho Indígena Mura (CIM) entregou ao governador Wilson Lima um ofício e um relatório da Assembleia Geral ocorrida na semana passada, na aldeia Terra Preta da Josefa, entre lideranças indígenas aceitando a implantação do projeto Potássio Autazes.

“Para nós, é muito importante porque isso representa o futuro, o avanço econômico de Autazes e do estado do Amazonas. Mas é importante destacar que o povo mura entende que estamos caminhando juntos com a Justiça Federal e não queremos afrontá-la, entendemos que o Ipaam é o órgão licenciador e que deve dar segmento ao processo”, disse.

O presidente da Potássio Brasil, Adriano Espeschit, lembrou que o potássio produzido no mundo é um importante fertilizante e que o Brasil é dependente de importação do mineral.

“Esse é um novo momento para Autazes, para o Amazonas, para o Brasil e porque não dizer para o mundo, porque a segurança alimentar depende dos fertilizantes para o agronegócio, para alimentar pessoas e eliminar a fome nesse nosso mundo. E como disse o presidente Lula, na abertura da Assembleia da ONU, mais de 750 milhões de pessoas estão passando fome. E esse é um projeto estratégico para acabar com a fome no mundo. Vamos trabalhar com os próximos passos para que possamos avançar no licenciamento e iniciar a instalação do empreendimento em Autazes”, explicou.

Participaram do encontro com o governador, além de lideranças indígenas, o presidente da Potássio do Brasil e sua diretoria, os deputados estaduais Roberto Cidade, presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, Sinésio Campos, Felipe Souza e Delegado Péricles; e os secretários estaduais de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Serafim Corrêa; de Mineração, Gás e Energia (Semig), Ronney Peixoto; o secretário-chefe da Casa Civil, Flávio Antony; o diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam ), Juliano Valente; e o prefeito de Autazes, Anderson Cavalcante.

Potencial

O consumo brasileiro de potássio é da ordem de 12,6 milhões de toneladas. Somente o projeto Potássio Autazes, produzindo 2,2 milhões de toneladas por ano pode produzir cerca de 20% do consumo brasileiro anual.

A Potássio do Brasil está preparada para iniciar a construção da estrutura de exploração em Autazes, que está em fase de licenciamento ambiental. O investimento previsto é de U$ 2,5 bilhões e a vida útil do projeto aprovado até o momento é de 23 anos.

Cerca de 95% do potássio produzido no mundo é utilizado para a produção de fertilizantes, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Embora o Brasil seja um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, o país importa 85% dos seus fertilizantes utilizados na agricultura.

O projeto Potássio Autazes prevê cerca de 30 programas socioeconômicos e ambientais que se somarão ao programa proposto pelo Povo Mura – O Plano Bem Viver Mura, conforme proposto pelo presidente da Potássio do Brasil, na última Assembleia Geral da Aldeia da Terra Preta da Josefa e aceito por mais de 90% dos presentes.

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