Mesmo sem vender ativos, a intenção da empresa é passar os vencimentos para 2021 e 2022.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) voltou a negociar a dívida da empresa com bancos públicos e privados. A tentativa de acordo ocorre três anos após a organização firmar acordo para vender ativos importantes, com o objetivo de renegociar os débitos. Mesmo sem ter vendido seus principais negócios, a siderúrgica está conseguindo abrir espaço para negociar novamente os valores, que vencem entre 2018 e 2020.
De acordo com informações do jornal O Estado de São Paulo, no início do ano que vem, a companhia precisa pagar R$ 5,6 bilhões, dos quais R$ 4,1 bilhões para seus principais credores, Banco do Brasil e Caixa. Só a esses bancos a empresa deve cerca de R$ 10 bilhões, no total, que vencem até 2020. A proposta do grupo é transferir o vencimento para 2021 e 2022.
Os dois bancos são os que a empresa enfrenta mais resistência, pois os privados, Bradesco e Itaú, além de detentores de títulos, não apresentam obstáculos para adiar o pagamento. Por outro lado, os bancos públicos pressionam a CSN.
Desde o terceiro semestre de 2016, a siderúrgica não recebe o aval da auditoria Deloitte para divulgar o balanço de resultados. Ela encontrou erros fiscais na operação Congonhas Minérios, que reúne a mina Casa de Pedra, o terminal Tecar e parte da ferrovia MRS, na qual a empresa é sócia com a Namisa.
A dívida líquida da CSN chegou a R$ 26 bilhões no terceiro trimestre de 2016 e a empresa não gerou receita suficiente para pagar seus débitos.
Para adiar o pagamento, a empresa precisa da autorização da Deloitte e também de uma estratégia convincente para reduzir seu endividamento. Aliás, a falta de divulgação dos resultados e de definição sobre o endividamento, fizeram as agências de risco Standard & Poor’s e Moody’s rebaixar a nota da companhia.
No final de 2015, Benjamin Steinbruch conseguiu adiar o pagamento de dívidas com BB e Caixa de 2016/2017, para 2018 a 2010. Na época, o setor siderúrgico sofria com a queda dos preços do minério de ferro e o país enfrentava o pior momento da crise econômica.
Atualmente, os preços do minério subiram, a demanda por aço está crescendo e a economia do país começa a reagir. No entanto, ao contrário do que tinha prometido, Steinbruch não vendeu nenhum ativo. O empresário chegou perto de vender o Terminal de Contêineres Sepetiba (Tecon), por cerca de R$ 1,5 bilhão, mas desistiu na última hora.
Outros negócios, como energia e cimento, foram postos à venda, mas não atraíram compradores.
A única venda concretizada foi a da fabricante de latas Metalic, por US$ 98 milhões – valor insuficiente para aliviar as contas da CSN. Steinbruch ainda busca um sócio para a Congonhas Minérios e para o projeto da ferrovia Transnordestina. Segundo fontes, mesmo se vendesse todos os ativos não estratégicos a CSN não conseguiria pagar suas dívidas.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.