Empresa propõe novas soluções seguras de tratamento, mas ainda não tem data marcada para retorno.

Para poder retornar ao mercado, a Samarco está apresentando um novo plano para depositar, de maneira correta, os rejeitos de seus processos minerais. A solução faz parte do Licenciamento Operacional Corretivo (LOC) da mineradora e conta com aumento da segurança e da recirculação de água no processo produtivo.

A empresa explica que o LOC pretende regularizar as licenças ambientais do Complexo de Germano, em Mariana e Ouro Preto (MG), e da Estação de Bombas em Matipó (MG). As duas plantas estão suspensas desde 2016, por exigência da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) após o rompimento da barragem de Fundão, em novembro de 2015. O projeto também irá regular as obras emergenciais para contenção de rejeitos da barragem rompida.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do LOC foi protocolado no mês de setembro com a Semad. Nele, a empresa afirma que planeja implantar a filtragem de rejeito arenoso, que corresponde a 80% do total de rejeitos gerados após o beneficiamento do minério de ferro, e o adensamento de lama, que representa os outros 20%.

A intenção da empresa é destinar os rejeitos de minério na cava de Alegria Sul, localizada próximo ao complexo de Mariana. Com a filtragem, a água será separada do rejeito e esse, por sua vez, poderá ser empilhado corretamente. O processo irá contar, ainda, com adensamento de lama, que também retira água do rejeito e o deixa com um volume menor, para poder ser destinado à cava, que irá substituir as barragens.

LOC -Implantação de novas soluções para tratamento de rejeitos.

A cava já existe, pois é resultado de lavras a céu aberto, e para poder receber os rejeitos, a Samarco irá acrescentar a ela uma estrutura com um dique feito em solo compactado, técnica construtiva das usinas hidrelétricas para armazenamento de água, possibilitando uma capacidade de armazenamento de 17 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A companhia afirma que isso garantirá um horizonte de cerca de dois anos para as operações.

Para que esse projeto comece a ser utilizado, a Samarco depende ainda de outro processo de licenciamento, que está em fase final de análise pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Com a Licença de Instalação da cava de Alegria Sul, a mineradora afirma que irá gastar cerca de seis meses para preparar a área.

“Os estudos realizados comprovam que a retomada das operações da Samarco é viável e segura. Tivemos muitos aprendizados e propomos novas soluções para tratamento dos rejeitos”, afirma o diretor-presidente da Samarco, Roberto Carvalho.

Operação

A Samarco ainda não tem uma data de previsão para seu retorno, mas afirma que a intenção é voltar com as operações em um terço de sua capacidade, utilizando apenas um dos três concentradores. Depois, gradualmente as atividades irão aumentar, sendo necessário o uso dos outros dois.

Inicialmente, a empresa pretendia voltar com 60% de sua capacidade, por meio da reativação de dois concentradores. Mas isso não poderá acontecer, pois a prefeitura municipal de Santa Bárbara não concedeu a carta de conformidade da estação de captação de água existente no município, necessária para o protocolo do LOC com esse nível de produção.

“O assunto está em discussão na Justiça, pois a estrutura entrou em operação em 2014, sem ter sido submetida a qualquer alteração e, portanto, estando em plena regularidade desde então. Sem a água de Santa Bárbara, o projeto de retomada considera o uso exclusivo de fontes internas de água já outorgadas”, explica a empresa por meio de nota.

Relembre

Desde o desastre de Mariana, a Samarco gastou R$ 602 milhões em um sistema de contenção de rejeitos formado pela barragem de Nova Santarém e quatro diques (S1, S2, S3 e S4), evitando o carreamento de sedimentos para o rio Gualaxo.

A empresa deve cumprir 42 programas de reparação e compensação estabelecidos pelo Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) assinado em março de 2016 pela empresa, suas acionistas (Vale e BHP) e os governos Federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo. Desde novembro de 2015, até outubro de 2017, foram desembolsados R$ 2,8 bilhões nas ações de reparação e compensação, que foram assumidas pela Fundação Renova em agosto de 2016.