Sigma vai investir R$ 230 milhões em projeto de lítio em MG

Projeto ficará na divisa dos municípios de Araçuaí (foto) e Itinga, em Minas Gerais. Foto: Sarah Torres/ ALMG.

Proposta é fazer da região um polo de produção de lítio para atrair investidores interessados na produção de baterias elétricas.

Os municípios de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, vão receber um projeto de extração e produção de lítio. Operada pela Sigma Mineração, a planta terá uma capacidade de produção de 240 mil toneladas por ano de concentrado de lítio, com o teor mínimo de 6% de óxido de lítio.

De acordo com o presidente da companhia, Itamar Resende, nesta primeira fase do projeto serão investidos R$ 230 milhões. A empresa já possui a concessão de lavra e vai entrar com o pedido do licenciamento ambiental na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

“A construção começa em 2019 e esperamos que em um dado momento do ano que vem já iniciemos os testes pré-operacionais”, afirmou Resende, em entrevista à Revista Mineração.

A área de propriedade da Sigma é de 20 mil hectares que contém mais de 200 corpos de pegmatitos (rocha onde contém o minério). Dentro deste contexto, foram selecionados 10 cortes para que a pesquisa seja realizada e nestes, as análises começaram em um. Somente neste corte foi identificado uma vida útil de 14 anos de extração.

“O primeiro passo que demos foi a conclusão dessa primeira fase de pesquisa pois, desde que adquirimos a área, foi realizado um trabalho de medição de reservas. Concluímos somente uma parte e sabemos que o potencial da jazida é muito maior do que o pesquisado até o momento”, afirmou.

Polo de lítio

A principal proposta da empresa é tornar a região do Vale do Jequitinhonha um polo no Brasil para fabricação de baterias elétricas, que têm o lítio como uma das principais matérias-primas.

“Queremos criar a condição para atrair ao Brasil um polo verticalizado da produção da bateria. Nosso papel será garantir a disponibilidade de matéria-prima a longo prazo. Esperamos que ao fazer isso possamos atrair para o Brasil, que é um mercado potencial no futuro de baterias, investidores para fazer a verticalização e transformação do hidróxido de lítio para bateria”, pontuou Itamar Resende.

Inicialmente, como o país não possui consumo para o lítio, a empresa vai exportar a produção. O material deverá ser encaminhado por meio do transporte rodoviário até o porto de Vitória (ES). Lá, o produto será embarcado para clientes internacionais.

Ele ainda acrescenta que o país tem um potencial para demandar baterias, principalmente devido aos investimentos em energias renováveis e limpas, no sentido de armazenar energia. Outra demanda pelo uso de baterias será nos carros elétricos.

Sustentabilidade

Um dos pilares do projeto é ser sustentável. A começar pelo sistema de disposição de rejeitos, que não utilizará barragens. Segundo o presidente da Sigma eles serão armazenados por meio do empilhamento à seco. Dessa forma, o material será filtrado, a água reciclada no processo e o que restar será empilhado.

Além disso, a proposta é trabalhar com parcerias com empresas brasileiras de modo a utilizar em parte ou integralmente o rejeito gerado na indústria da cerâmica.

Na operação será utilizado ainda a tecnologia de separação por meio denso, processo onde se cria artificialmente uma solução com uma dada densidade e as substâncias mais pesadas afundam e as mais leves ficam. Segundo ele, é um processo importante no caso do minério do lítio pois este é muito denso.

“Nosso grande marco nessa operação e investimento é instalar uma planta com o conceito de sustentabilidade, que será parte do seu DNA”, pontuou.