País é o maior consumidor de minério de ferro e cobre, que aumentaram de preço este ano graças ao aumento da demanda.
A China respondeu à forte demanda por commodities como minério de ferro e cobre prometendo punir a especulação, a manipulação do mercado e a disseminação de informações falsas, o que acabou provocando um recuo no preço das principais matérias-primas.
O país asiático é o maior consumidor de commodities como minério de ferro e cobre, que aumentaram de preço este ano graças à recuperação econômica global, que reacendeu a demanda por uma série de produtos manufaturados.
No entanto, a pressão de alta sobre os preços gerou temores de uma inflação global mais alta, o que pode, por sua vez, ameaçar a recuperação econômica.
A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, na sigla em inglês), principal planejador econômico da China, e quatro outros reguladores convocaram os principais produtores de metais do país no domingo (23/05) e os instruíram a não elevar os preços do cobre, carvão, aço e minério de ferro.
As autoridades vão “fortalecer a supervisão conjunta de futuros de commodities e do mercado à vista” e mostrar “tolerância zero” em relação à “especulação maliciosa”, como conluio de preços, divulgação de informações falsas, entesouramento e outras atividades ilegais, disse o NDRC em um comunicado nesta segunda-feira (24).
A medida segue uma declaração do gabinete da China na quarta-feira da semana passada, que disse que o governo administraria aumentos de preços exagerados. As autoridades chinesas começaram no mês passado a alertar sobre o aumento dos preços das matérias-primas, que contribuíram para a maior alta em três anos (6,8%) no índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) do país, ou os chamados preços na porta de entrada das fábricas, em abril.
Na reunião de domingo, representantes de empresas de minério de ferro, aço, cobre e alumínio foram informados de que a alta nos preços das commodities foi causada por uma combinação de fatores, incluindo “especulação doméstica excessiva”, que perturbou a definição de preços normais de mercado. “Produção e vendas normais” foram interrompidos na indústria de metais da China, o que elevou os preços, alertou a NDRC no comunicado.
Os preços mais altos das matérias-primas ajudaram empresas como mineradoras e refinarias e prejudicaram produtores downstream, como siderúrgicas especiais, empresas de infraestrutura e até mesmo produtores de alta tecnologia, como fabricantes de chips.
“Os altos preços impactam negativamente a economia chinesa, especialmente o setor industrial. Pelo que entendemos, algumas usinas termelétricas em Guangdong e na província de Guangxi devem cortar a geração de energia em maio devido aos altos preços do carvão”, disse Yanting Zhou, economista sênior da Wood Mackenzie. “Muitas fábricas em Guangdong, o principal centro de manufatura da China, tiveram que mudar o cronograma de produção devido ao fornecimento limitado de energia enquanto o forte preço do cobre também resultou em problemas de fluxo de caixa e cortes de produção para os consumidores de cobre.”
As empresas absorveram os aumentos de custos por meses, mas, à medida que a demanda se recuperou, elas se tornaram mais capazes de empurrar esses aumentos para os consumidores, aumentando a pressão da inflação global.
A China não quer uma inflação surpreendente, como a ocorrida em abril nos Estados Unidos, especialmente porque o banco central da China está tentando evitar aumentos de taxas. ”
A inflação nos Estados Unidos, que oriente a fixação das taxas de juros pelo Federal Reserve, teve em abril a maior alta desde 2009 – assustando os investidores que temem que as pressões inflacionárias continuadas forcem os bancos centrais em todo o mundo a elevar os juros mais rapidamente do que o esperado.
Fonte: Valor.