Dentre os faturamentos por Estado, Minas Gerais foi o que mais cresceu (95%), seguido pela Bahia (67%) e Pará (51%). A liderança nacional permaneceu com Pará (43%), Minas Gerais (42%) e Bahia (3%).

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) divulgou, na tarde desta terça-feira (01/02), os números do setor mineral em 2021. Segundo o instituto, o faturamento do setor, no ano passado, foi de R$ 339 bilhões, um crescimento de 62% em relação ao ano de 2020, quando faturou R$ 209 bilhões. A produção mineral brasileira cresceu cerca de 7%, em toneladas, em relação a 2020, passando de 1,073 bilhão de toneladas para 1,150 bilhão de toneladas, segundo estimativas do Ibram, já que os números oficiais ainda não foram divulgados pela Agência Nacional de Mineração (ANM), o que deve ocorrer a partir de março.

Os dados referentes ao consolidado do ano passado da indústria da mineração foram apresentados por Flávio Ottoni Penido, diretor-presidente do Ibram, e por Wilson Brumer, presidente do Conselho Diretor. Para eles, a variação e valorização dos preços das commodities no mercado internacional e a cotação do câmbio foram os principais responsáveis pelo crescimento no faturamento em 2021.

Já a variação da produção anual, em toneladas, é considerada pelo Ibram como uma “estabilidade”, embora o ano de 2021 tenha sido marcado pela demanda aquecida por commodities minerais e 2020 – ano de comparação dos resultados – tenha sido pontuado por paralisações temporárias em operações de mineração industrial.

Balança comercial

O saldo comercial mineral, de quase US$ 49 bilhões, apresentou contribuição crucial para manter positivo o saldo comercial do Brasil em 2021, ainda mais que este último apresentou elevação de 21,5%, em relação a 2020, enquanto o crescimento do saldo mineral foi de 51%. De acordo com o Ibram, o saldo mineral – que é a diferença entre as exportações e as importações de minérios – do ano passado equivale a 80% do saldo comercial brasileiro, que foi de US$ 61 bilhões. Em 2020, o saldo comercial mineral equivalia a pouco mais de 64% do saldo comercial brasileiro.

O Ibram também observou que houve queda no preço do minério de ferro entre junho e novembro de 2021, mas, mesmo assim, a cotação média foi 47,5% maior do que a de 2020. Nos dados apresentados, observa-se elevações em todas as commodities, como cobre (52%) e alumínio (45%) em 2021, quando comparado a 2020.

Estados mineradores

Minas Gerais apresentou a maior elevação percentual em faturamento em 2021. Segundo dados do Ibram, o faturamento do Estado cresceu 87% em 2021, passando de R$ 76,4 bilhões em 2020 para R$ 143 bilhões. Com este resultado, MG responde por 42% do faturamento global da mineração brasileira em 2021 – esta participação era de 37% em 2020.

“Minas Gerais ainda é muito forte em mineração e o será por muitos anos ainda. O Estado teve o maior incremento de recolhimento de royalty em 2021 e é também o Estado que mais vai atrair investimentos no setor até 2025, US$ 10,2 bilhões. A mineração é e será relevante para a economia do Estado por muito tempo e tem sido exercida em acordo com normas internacionais de segurança operacional e sustentabilidade”, afirma Flávio Penido.

Ainda em termos de variação percentual, a Bahia vem logo em seguida, com 67% de aumento de faturamento em 2021, passando de R$ 5,7 bilhões em 2020 para R$ 9,5 bilhões. “A Bahia tem anunciado muitos investimentos para viabilizar a mineração industrial sustentável e já colhe os dividendos dessa decisão favorável à expansão do setor mineral no Estado. O mesmo vemos em outros Estados, como Pará, Goiás e Mato Grosso”, diz Wilson Brumer.

Ainda em termos percentuais, o 3º maior crescimento de faturamento em 2021 foi registrado no Pará, com 51%, passando de R$ 97 bilhões para R$ 146,6 bilhões – valor pouco superior ao de MG. Com este resultado, o Pará responde por 43% do faturamento da indústria da mineração brasileira em 2021 – esta participação era de 46% em 2020.

Em seguida, vêm: Goiás com 36% de aumento, de R$ 6,3 bilhões para R$ 8,6 bilhões; Mato Grosso com 35% de elevação, passando de R$ 4,7 bilhões para R$ 6,3 bilhões; São Paulo, com 28%, indo de R$ 4,6 bilhões para R$ 6 bilhões.

Wilson Brumer destaca que mais Estados, além de Minas Gerais e Pará – líderes em mineração –, têm observado retorno positivo com o apoio à expansão da mineração. Esses Estados registram elevações significativas no faturamento com minérios. “Isso é muito importante porque significa atração de recursos financeiros para essas localidades e motiva ações de desenvolvimento local e impulsionamento à economia de muitas cidades”, avalia Brumer.

Faturamento por substância 

O minério de ferro apresenta o maior faturamento em 2021: R$ 250 bilhões (80% a mais do que em 2020); o ouro apresenta faturamento de R$ 27 bilhões (+16%); o cobre quase R$ 18 bilhões (+29%); a bauxita R$ 5,2 bilhões (+16%); o granito R$ 4,2 bilhões (+32%); o calcário dolomítico R$ 6,2 bilhões (+47%).

O minério de ferro responde por 74% do faturamento da indústria da mineração em 2021 (era 66% em 2020), seguido pelo ouro (8%) e cobre (5%).

Comércio Exterior

As exportações de minérios totalizaram, em 2021, US$ 58 bilhões, quase 59% a mais do que em 2020 (US$ 36,5 bilhões). Foram 372 milhões de toneladas de produtos minerais exportados, 0,4% a mais do que em 2020. As importações de minérios cresceram 63%, passando de US$ 5,6 bilhões para US$ 9 bilhões.

As exportações de cerca de 358 milhões de toneladas de minério de ferro em 2021 totalizaram quase US$ 45 bilhões, resultado acima do ano anterior. Em 2020, a exportação de cerca de 342 milhões de toneladas de minério de ferro renderam quase US$ 26 bilhões. Os números revelam um incremento de 73% em US$ e de quase 5% em toneladas.

As exportações de 104 toneladas de ouro em 2021 totalizaram US$ 5,3 bilhões, com 8% de crescimento em US$ e de 5% em toneladas.

Segundo o Ibram, houve aumento na exportação, em US$, para cobre (40%), nióbio (39%), pedras e revestimentos (35,5%), bauxita (8,5%), além de ouro (8%), na comparação com 2020. Houve queda para caulim (-2,3%) e manganês (-50,5%), em US$ e em toneladas.

Minério de ferro, ouro e cobre foram responsáveis por 91,8% das exportações, em US$, no ano passado, informa o Ibram.

Entre os maiores compradores de minério de ferro do Brasil estão China (68%); Malásia (6,4%); Japão (3,6%). Os maiores importadores de ouro são Canadá (31,4%); Suíça (24,5%); Reino Unido (14,5%). Os principais importadores de cobre brasileiro são Alemanha (23,5%); China (14%); Espanha (12,4%).

As importações de minérios tiveram variação positiva entre 2020 e 2021: em 2020 o país importou pouco mais de 38 milhões de toneladas, no valor de US$ 5,6 bilhões. Já em 2021 importou mais de 44 milhões de toneladas, no valor de US$ 9 bilhões.

O Brasil importou maiores volumes em potássio (14%), carvão (25%), pedras e revestimentos (38%), zinco (68%) e rocha fosfática (3%). O maior valor de importação coube ao potássio, quase US$ 4,3 bilhões. O potássio foi responsável pela maior parcela das importações minerais (47%), seguido pelo carvão (30,6%).

O Canadá e a Rússia são os principais fornecedores de potássio para o Brasil; Colômbia e EUA são os principais fornecedores de carvão.

Empregos

Dados oficiais do governo federal (Novo CAGED) indicam que foram geradas 14.869 vagas de janeiro a novembro de 2021. Assim, em novembro, o setor mineral registrava mais de 200 mil empregos diretos, segundo o Ibram.

Perspectivas para o setor mineral

Em relação às perspectivas para o setor nos próximos anos, os resultados apurados pelo Ibram são indicadores de estabilidade e manutenção de bom desempenho. Vários fatores também apontam para isso.

De acordo com o instituto, a China comprou menos minério de ferro em 2021, em relação a 2020 (redução de cerca de 4,3%); por outro lado, a China aumentou a compra de minério de ferro do Brasil em 15%: 243 milhões de toneladas em 2021 ante 212 milhões de toneladas em 2020.

“A busca por diversificação de fornecedor para diminuir a dependência da Austrália e a preferência por minérios de melhor qualidade para a redução das emissões na produção siderúrgica podem ser considerados como as principais razões para esse aumento”, aponta o Ibram.

“A demanda por minerais fundamentais (como cobre, alumínio, níquel, entre outros) para as novas tecnologias de energia limpa tem sido crescente, ao passo que não se observa o mesmo movimento em relação às ofertas mundiais. Com isso, a perspectiva é que o setor mineral continue com bom desempenho em 2022 e nos próximos anos. A produção mineral deve se manter estável, com leve crescimento nos próximos anos. Vale ressaltar, entretanto, que o desempenho de qualquer setor econômico depende das conjunturas nacionais e mundiais”, destacou o instituto.

 

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