Recuperação judicial: decisão sobre dívida da Samarco ficou para 10 de março

Por falta de quórum, assembleia, agendada para esta quarta-feira, foi remarcada em segunda chamada para março.

A assembleia geral de credores para votar o plano de recuperação judicial da Samarco, marcada para esta quarta-feira (23/02), acabou não sendo realizada por falta de quórum. Na assembleia virtual, a maioria dos credores financeiros esteve presente, mas houve baixa participação de trabalhadores e fornecedores. Com isso, foi convocada a assembleia, em segunda chamada, para ser realizada também em formato virtual no dia 10 de março, às 14h.

A recuperação judicial da Samarco foi aberta em abril de 2021 e envolve uma dívida de R$ 50,5 bilhões, dos quais R$ 26,4 bilhões são dívidas com credores e R$ 24,1 bilhões são dívidas com as acionistas da empresa, Vale e BHP.

Existem divergências entre os credores e a Samarco em relação ao pagamento das dívidas. Os credores querem o pagamento de 100% da dívida vencida, acrescidos de juros. A Samarco, em seu plano, propôs um desconto de 75% na dívida, com o pagamento feito até 2041. A diferença significativa entre as propostas de reestruturação da mineradora Samarco e de seus credores deve criar um impasse na assembleia.

Outra alternativa seria a conversão dos créditos em participação acionária, com os credores atingindo um pouco mais de 15% da empresa.

Um grupo de credores financeiros contratou Tito Martins, ex-presidente da Nexa (grupo Votorantim) para ajudá-los na elaboração de um plano para a mineradora. O grupo propõe que Tito Martins se torne presidente da “Nova Samarco”, que passaria a ter uma gestão independente para aceleração do seu negócio.

“A chegada de Tito Martins é um passo fundamental para a construção da Nova Samarco – uma empresa independente que voltará a crescer, a criar empregos e a gerar prosperidade para os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo e para o Brasil, sempre atenta à sua responsabilidade socioambiental”, afirmou o grupo em comunicado.

Simon Duncombe, vice-presidente para joint ventures não operadas no Brasil da BHP, disse que a proposta dos credores não muda a situação da Samarco.

“O problema da empresa não é de administração”, afirmou o executivo em videoconferência com a Reuters, reconhecendo que os credores devem pedir a indicação de executivos.

No início do mês, a Samarco e a Vale assinaram um acordo de produção com prazo de 20 anos que deve adicionar US$ 5,1 bilhões em receita até 2042 e adiantar as metas de produção de minério de ferro.

Se os credores rejeitarem a atual proposta da Samarco, a lei permite a proposta de planos de recuperação alternativos. Se isso ocorrer, Duncombe disse que Vale e a BHP devem pedir o direito de voto na assembleia de credores.

Entre os credores financeiros da Samarco estão os gestores York, Ashmore, Canyon, Maple Rock e Solus. Os grupos de detentores de bônus são representados pelos escritórios de advocacia Padis Mattar Advogados, Ferro, Castro Neves (FCDG) e Davis Polk. O banco de investimentos Houlihan Lokey também assessora os credores internacionais.

A Samarco é representada nas negociações pelo JPMorgan, a Vale pelo Moelis & Co, e a BHP Plc pelo Rothschild & Co.

Em paralelo, a Samarco está em negociação desde o ano passado com autoridades federais e estaduais para fechar um acordo definitivo para compensações e reparações pelo rompimento de barragem em Mariana.

O Ministério Público de Minas Gerais tem a expectativa de concluir a revisão dos programas já em curso e iniciar as discussões sobre valores em março.

 

Com informações da Reuters.

 

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