Companhia entregou uma nova versão de seu plano de reestruturação, com o objetivo de chegar a um acordo com credores.

A mineradora Samarco, joint venture entre Vale e o Grupo BHP, apresentou um novo plano para reestruturar sua dívida inadimplente de R$ 50,5 bilhões em um esforço para obter apoio dos credores.

A recuperação judicial pedida pela Samarco, em abril de 2021, continuará oferecendo aos credores duas alternativas: uma troca de dívida antiga por ações ou por um título indexado à inflação com um redução de 75% no valor do principal e com vencimento em 2041. Mas agora propõe um teto de US$ 2,4 bilhões em pagamentos para reparos do acidente com sua barragem que aconteceu em 2015, em Mariana, Minas Gerais, de acordo com um documento enviado à Justiça.

Os US$ 3,1 bilhões restantes estimados pela Samarco que serão necessários para os reparos seriam pagos pela Vale e pela BHP, que passariam a deter uma dívida da Samarco subordinada a qualquer outro instrumento de dívida ou ações.

Além disso, os investimentos que estão sendo feitos pelos acionistas Vale e BHP desde o início do período de recuperação judicial, estimado em mais de US$ 2 bilhões até o final do processo, seria convertido em ações preferenciais, as mesmas oferecidas na troca da dívida antiga por capital. Até agora, a Samarco só tinha ações ordinárias com direito a voto. As preferenciais vão receber 1.000 vezes mais dividendos que as ordinárias.

Pela nova proposta, a Samarco precisaria de um aporte de US$ 1,4 bilhão para sua operação, dos quais US$ 700 milhões viriam da emissão de ações preferenciais e outros US$ 700 milhões viriam de um chamado financiamento DIP, com prazo de 7 anos e taxas de juros de até 7,5%.

Vale, BHP e credores poderiam participar dessa injeção e poderiam converter US$ 700 milhões de dívida antiga em um novo título com vencimento em 14 anos e juros de até 6,5%, que seria subordinado ao DIP.

A proposta anterior foi rejeitada pelos credores em documentos judiciais em julho do ano passado e, mesmo após uma rodada de negociações e algumas mudanças, o grupo ad hoc de credores disse que era “ofensiva”.

Uma assembleia para votação do plano de reestruturação foi adiada por falta de quórum nesta quarta-feira (23), e uma nova foi marcada para 10 de março. Os títulos inadimplentes mais negociados da Samarco com vencimento em novembro de 2022 estão com preço de cerca de 56,7% do valor de face.

Em comunicado realizado em dezembro, um grupo de grandes credores da Samarco disse que apresentará um plano alternativo de reestruturação para a mineradora, que incluirá um novo grupo de acionistas controladores para assumir o controle após sua aprovação. O grupo está trabalhando com Tito Martins, ex-diretor financeiro da Vale e ex-presidente da Nexa Resources, de acordo com um comunicado nesta terça-feira (22).

Em seu pedido de recuperação judicial, a Samarco incluiu R$ 24,1 bilhões que deve à Vale e à BHP por linhas de crédito que as duas empresas estenderam para pagar reparações pelo desastre da barragem e financiar a volta de suas operações. Fundos de investimento e bancos detêm outros R$ 26,4 bilhões de dívida da Samarco, incluindo títulos e empréstimos.

 

Fonte: Bloomberg

 

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