Produção, exportação, faturamento e saldo comercial caem no 1º semestre em relação a igual período de 2021. Importação de minérios tem grande elevação.

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) divulgou, nesta quarta-feira (27), os números do setor mineral no primeiro semestre deste ano (1S22). As informações apontaram uma forte queda na produção, faturamento, exportação e recolhimento de tributos, em comparação ao primeiro semestre do ano passado (1S21).

Com menos exportações no 1S22, o faturamento da indústria mineral brasileira foi de R$ 113,2 bilhões, uma queda de 24% na comparação com o 1S21, quando atingiu R$ 149 bilhões. Considerando o movimento trimestral, no 2T22 o faturamento foi de R$ 57 bilhões, pouco acima dos R$ 56,2 bilhões do 1T22.

Este ano, de janeiro a março, a queda no faturamento já havia sido de 20%, em relação a igual período de 2021. No entanto, no 2T22 houve elevação de 1% no faturamento, em relação ao 1T22, e a projeção, segundo o Ibram, é de recuperação gradativa dos resultados no segundo semestre deste ano. O minério de ferro respondeu por 60% do faturamento da indústria mineral no 1S22, seguido pelo ouro (10%) e pelo cobre (7%).

A produção estimada em toneladas, no 1S22, foi de 441 milhões de tonelada (Mt), enquanto que, no 1S21, foi de 483 Mt, uma queda de 8,6%.

Faturamento do minério de ferro, ouro, cobre e bauxita em queda

Minério de ferro, ouro, cobre e bauxita tiveram queda no faturamento de 36%, 15%, 3% e 3%, respectivamente, no 1S22. O faturamento do minério de ferro caiu de R$ 107,5 bilhões no 1S21 para R$ 68,3 bilhões no 1S22. O minério de ferro teve leve recuperação no comparativo trimestral, com alta de 9%. Calcário e granito registram alta no semestre e no 2T22.

Exportações

A redução das compras de minério pela China (quase 30% em dólar) foi a grande responsável pela queda expressiva de 52,5% do saldo comercial mineral do Brasil no 1S22, em comparação ao 1S21. Isso porque o país exportou 24% menos e, além disso, importou 200% a mais de minérios (em dólar).

“Mais uma vez está comprovado com dados concretos que a mineração, inclusive a do Brasil, tem um comportamento cíclico e depende dos humores do mercado internacional para apresentar bons resultados. O desempenho setorial do 1º semestre está bem abaixo do que foi apurado no ano passado e o país perde divisas, atratividade para investimentos, geração de negócios, emprego, renda e tributos”, diz o presidente do Ibram, Raul Jungmann.

Movimento negativo no comércio exterior

O minério mais produzido e exportado pelo Brasil, o minério de ferro, apresentou redução nas vendas externas de US$ 21,5 bilhões e 167,1 Mt no 1S21 para US$ 15 bilhões e 154,4 Mt no 1S22. As exportações de ouro caíram quase 8% (para US$ 2,3 bilhões) no 1S22 e 11,5% em toneladas na comparação com o 1S21.

Importações explodem

Já as importações cresceram 200% no 1S22, totalizando US$ 9,4 bilhões. Para o Ibram, chama a atenção que este valor corresponde a quase a metade do valor exportado em minérios no período, US$ 21,1 bilhões. O Brasil importou mais minérios no 2T22 em relação ao 1T22: 93% a mais. Carvão mineral para uso siderúrgico e potássio para fabricação de fertilizantes apresentaram maiores percentuais nos custos das importações, devido, principalmente, ao conflito entre Rússia e Ucrânia.

Saldo mineral desaba

Com menos exportações e mais importações de minérios, o peso do saldo comercial de minérios no saldo total da balança comercial decaiu expressivamente, representando apenas 34% no 1S22. No 1S21 o saldo mineral representava 67% do saldo total da balança. As exportações de minérios (US$ 21,1 bilhões = 160,8 Mt) caíram quase 24% em dólar e 8% em toneladas no 1S22 em relação ao 1S21. Mas no 2T22 cresceram 23,6% em dólar e 12,6% em toneladas na comparação ao 1T22.

Exportações para a China

No 1S22, considerando apenas as exportações de minérios do Brasil para a China, houve redução de 29,7% em dólar e de 7,1% em toneladas.

As exportações de minério de ferro para a China no 1S22 caíram 32,3% em dólar e 7,2% em toneladas, na comparação com o 1S21. As de cobre caíram quase 28% em dólar e 22,2% em toneladas. As de zinco caíram 34,6% e 34,3%, respectivamente.

Já as exportações de manganês para a China cresceram 32,5% em dólar e 20,2% em toneladas. As de pedras naturais e revestimentos ornamentais cresceram 30,4% em dólar e 3,2% em toneladas. As de nióbio aumentaram 16% e 1,6%, respectivamente. As exportações de caulim cresceram 18,3% em dólar mas caíram 0,8% em toneladas. Outras substâncias minerais apresentaram crescimento de 84% em dólar e queda de 25,7%.

Fator China

De acordo com o Ibram, vários fatores levaram as compras chinesas de minérios a apresentarem queda no 1S22, entre as quais:

• várias siderúrgicas chinesas diminuíram sua produção de aço em resposta às medidas de controle de qualidade do ar durante as Olimpíadas de Inverno, em fevereiro. Restrições ambientais foram rigorosamente impostas ao mercado físico pelo governo chinês;
• menor demanda das siderúrgicas chinesas também causou aumento nos estoques portuários de minério de ferro;
• lockdown em várias regiões industriais na China, devido às medidas de controle para o novo surto de Covid 19, resultando em diminuição da demanda de aço nas indústrias e estagnação na aquisição de matérias-primas;
• quedas nas importações pela China, como uma das medidas de controle de preços para o segundo trimestre de 2022;
• a China intensificou os controles de preços desde o terceiro trimestre do ano passado, enquanto a demanda da matéria-prima também diminuiu;
• a produção de aço da China caiu cerca de 6,7% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Além disso, segundo o Ibram, a invasão da Rússia à Ucrânia também causou certo temor nos produtores globais, que tiveram mais cautela e reduziram seus percentuais de produção.

Empregos e investimentos

De acordo com o Ibram, dados oficiais mostram que o setor mineral matinha 201.658 empregos diretos em maio de 2022 (Novo CAGED). Cada vaga direta corresponde a outras 11 na cadeia produtiva, o que representa mais de 2 milhões de empregos. Em janeiro o total de empregos diretos era 198 mil.

Os investimentos previstos para o período 2022-2026 estão situados em US$ 40,4 bilhões: US$ 18,7 bilhões em execução (46%) e US$ 21,7 bilhões (54%) programados. A maior parcela seguirá para projetos em MG (US$ 11,1 bilhões = 27%). Depois estão: BA (US$ 5,9 bilhões = 15%); PA (US$ 4,4 bilhões = 11%); outros estados (US$ 18,9 bilhões = 47%).

Os maiores aportes serão para projetos de minério de ferro (US$ 13,6 bilhões); minérios para fertilizantes (US$ 5,7 bilhões); bauxita (US$ 5,5 bilhões); ferrovias e portos (US$ 2,9 bilhões); ouro (US$ 2,9 bilhões); cobre (US$ 1,2 bilhão). Outros projetos receberão US$ 8,4 bilhões, incluindo investimentos socioambientais, que somarão US$ 4,24 bilhões.

 

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